09 setembro, 2011

Liberdade e privacidade segundo minha família

Segundo a mente interiorana dos integrantes da minha família o simples ato remoto de cogitar, imaginar ou sonhar ter uma vida independente, morando sozinho, desfrutando a privacidade e liberdade, é tido como desrespeito, falta de consideração e ignorância. Segundo a regra criada por eles um bom filho, se não casar, deve passar o resto de sua vida morando na casa dos pais. Se casar, deve obrigatoriamente construir um "puxadinho" no terreno e lá morar. Se não for possível, só é aceito que vá morar a uma distância de, no máximo, 15 minutos de carro. Nada de morar fora de Osasco. É obrigatório estar sempre perto e disponível à família. Se não o fizer, automaticamente você será considerado um inimigo.

Me espanta hoje em dia ter pessoas que cultivam esse tipo de pensamento caipira e limitado. Também me espanta as pessoas acharem que querer desfrutar a liberdade e preservar a privacidade são sinais de estupidez e ódio à família. "Como assim você não quer que eu diga como sua casa deve ficar???", "Por que não atendeu o telefone???", "Aonde você foi???", "Aonde você vai???", "Quem disse que você não precisa de mim???". Demonstrações  de autonomia não são bem vistas. Para eles, ser capaz de fazer tudo sem ajuda é motivo para briga. Para eles, você não precisar da família para sobreviver merece pena de morte.

12 agosto, 2011

Pedestre X Motorista

Pateta é o Senhor Willard, O Motorista
“A pessoa está vendo que estou de carro. Ela tem que sair da minha frente”. Essa frase, dita por minha tia enquanto manobrava seu carro no estacionamento de um supermercado, deixa evidente o que milhões de pedestres sabem há décadas: a grande maioria dos motoristas é composta por seres babacas desprovidos de civilidade, e que demonstram enorme incapacidade de conviver em harmonia com quem não está motorizado.

O trânsito brasileiro é uma verdadeira guerra, e quem mais sai perdendo são aqueles que não possuem uma armadura motorizada para protegê-los: os pedestres. Na cidade de São Paulo, das 1.357 mortes no trânsito ocorridas em 2010, 630 foram de pedestres (dados da Secretaria Municipal de Transportes). E não é difícil entender porque tantas pessoas perderam a vida enquanto apenas caminhavam pelas ruas da cidade. Bastam alguns minutos observando o comportamento dos motoristas para surgirem cenas de imprudência, desrespeito e absurdas demonstrações de incivilidade.

Diante de tantas barbaridades no trânsito que causam risco à vida de pedestres, a Prefeitura de São Paulo criou o Programa de Proteção ao Pedestre, um conjunto de medidas que visam a “valorização” do pedestre por meio de ações educativas e punitivas (com multas de R$ 85,12 a R$ 191,53). E, quem diria, logo no primeiro dia da aplicação das multas 20 pessoas foram atropeladas na cidade, o que mostra que nem com conscientização e colocando a mão no bolso os motoristas consideram a possibilidade de respeitar quem é mais fraco.

Toda essa brutalidade no trânsito, claro, não é de agora. O que vemos hoje nas ruas é fruto de décadas de descaso do poder público, sempre negligente e omisso, optando por favorecer o transporte individual, criando assim cidades cada vez mais hostis com os pedestres.

O carro traz liberdade, dá status, aumenta a autoestima. Não à toa é um verdadeiro sonho de consumo para a maioria dos humanos. Por isso, para essas pessoas, tentar “atrapalhar” seus desfiles pelas ruas da cidade mostrando a potência dos seus motores, o brilho da pintura da carroceria e o conforto dos seus bancos é um ultraje, um desrespeito ao seu direito de usufruir das ruas que são, na cabeça deles, de sua propriedade. “EU TENHO QUATRO RODAS E SOU 1.6! ME RESPEITE!”, devem pensar eles.

Enquanto as pessoas tiverem essa noção torta de que são imbatíveis e que ganham poderes que os transformam em super-humanos quando estão atrás do volante de seus carros, e que os pedestres só estão nas ruas para atrapalhar seu caminho, será impossível enxergar civilidade no trânsito das grandes cidades.

09 agosto, 2011

‘Transformers - O Lado Oculto da Lua’ ultrapassa US$ 1 bilhão

Pôster Transformers - O Lado Oculto da Lua (Divulgação)
2011 está sendo lucrativo para Hollywood. Após Harry Potter e As Relíquias da Morte - Parte 2 alcançar seu primeiro bilhão, Transformers - O Lado Oculto da Lua é o mais novo filme a ingressar na lista de bilheterias bilionárias. (continue lendo…)

08 agosto, 2011

O primeiro bilhão de ‘Harry Potter e As Relíquias da Morte - Parte 2’

Harry Potter e As Relquias da Morte - Parte 2 (Reprodução)
Como num passe de mágica Harry Potter e As Relíquias da Morte - Parte 2 já arrecadou US$ 1 bilhão ao redor do mundo desde sua estreia nos cinemas. É o primeiro filme da franquia do bruxo de Hogwarts a alcançar essa marca. (continue lendo…)

27 julho, 2011

Movimento #euvotodistrital


#euvotodistrital é um movimento de cidadãos brasileiros, ou seja, de pessoas: trabalhadores, estudantes, empresários, usuários, sociedade, você, todo brasileiro que sonha por um País melhor e mais justo.

Nosso objetivo é aprovar pelo Congresso a emenda constitucional que torna o voto distrital (voto majoritário uninominal de dois turnos) o sistema eleitoral para eleição de deputados federais, estaduais e vereadores. Nosso prazo: setembro de 2011.

Entra ano, sai ano, sempre escutamos que a política brasileira nunca vai mudar, não é!? Bom, nós do movimento #euvotodistrital não concordamos com isso. Nos unimos para dar o primeiro passo em direção a um Brasil mais democrático. Queremos ser ouvidos com a devida atenção pelos nossos políticos e o voto distrital é o caminho para isto acontecer.

Aproximando a política do povo melhoraremos a qualidade da política brasileira. O voto distrital tem a capacidade de corrigir os defeitos do atual e sistema e possibilitar uma democracia mais participativa onde o cidadão é ouvido, fiscaliza e assim combate a corrupção.

O movimento #euvotodistrital pertence a cada um de nós. Você tem o poder de se unir e lutar pelos seus interesses. Compartilhe o #euvotodistrital com seus amigos, parentes, vizinhos, colegas de trabalho etc.. Assine, participe das discussões, mobilize. Juntos sonhamos e realizamos a mudança que queremos.

NOSSA META: Conseguir 1.000.000 de assinaturas até setembro, para mostrar aos político a mudança que o Brasil quer.

Chegou a HORA de mudar a historia da política brasileira.


*Texto retirado do site do Movimento #euvotodistrital

23 julho, 2011

VMA 2011

Katy Perry em Firework (reprodução)

A MTV americana divulgou a lista dos indicados ao Video Music Awards 2011. A premiação, que acontecerá dia 28 de agosto em Los Angeles, completa 27 anos e já se firmou como um dos eventos mais importantes da cena pop mundial. (
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21 julho, 2011

A última taça de vinho dos Walkers

Brothers & Sisters

Acabou. O Universal Channel exibiu ontem (20) o último episódio da série americana "Brothers & Sisters".

Foram 5 temporadas, mais de 100 episódios, e muito, mas muito chororô. Durante as 5 temporadas acompanhamos de perto os dramas, as alegrias e as tragédias dos Walkers, uma rica e conturbada família moradora da ensolarada Pasadena, que ao longo dos anos dividiram seus segredos e suas dores com milhões de espectadores ao redor do mundo.

Criada por Jon Robin Baitz e exibida originalmente pela emissora ABC desde setembro de 2006, "Brothers & Sisters" foi um verdadeiro dramalhão, levantando em cada episódio assuntos como política, homossexualidade, drogas e, claro, relações familiares. E tudo da melhor forma Walker de ser, regado a muito vinho.

Prestigiada pela crítica, "Brothers & Sisters" acumulou 40 indicações em diversas premiações, incluindo Golden Globe e Emmy, e ganhou 10, dos quais 4 foram de melhor atriz para Sally Field como Nora Walker. Com tantos números fica fácil dizer que essa foi uma das melhores séries da TV americana.

Mas como nem tudo são flores em Hollywood, a partir da quarta temporada a série começou a perder um pouco do seu brilho inicial, dando sinais de enfraquecimento. O sinal amarelo acendeu quando Balthazar Getty (Tommy Walker) anunciou sua saída do elenco fixo após desentendimentos com os companheiros de cena. Mais tarde veio a saída de Rob Lowe, descontente com a pouca relevância de seu personagem Robert McCallister.

Com tantos desgastes e rumos equivocados tomados pelos roteiristas a série teve uma inevitável queda de audiência. E com os executivos da ABC descontentes o destino da família Walker foi selado e o cancelamento da série anunciado. Em 13 de maio deste ano "Brothers & Sisters" era exibido pela última vez nos Estados Unidos.

Mas nós fãs continuaremos com os Walkers na cabeça. Será impossível esquecer as brigas, as confusões, os jantares, os choros e as alegrias. Porque assim é família, perdoamos os erros e guardamos para sempre no coração as boas lembranças.
 

02 julho, 2011

Agora é tarde, a primeira impressão já ficou

Agora É Tarde, da Band

Assistindo a estreia do “Agora é Tarde”, na Band, primeiro programa solo do comediante Danilo Gentili, fiquei com a sensação de que faltava algo. Faltou tempero, faltou preparo do apresentador e, principalmente, faltou conteúdo que fizesse valer a pena ficar acordado para assistir. (continue lendo…)

01 julho, 2011

Os 40 anos de “Chaves”

Chaves Nos últimos anos muita coisa mudou nas produções infantis. Hoje grande parte do conteúdo direcionado à criançada consiste em enaltecer a violência e incentivar o consumo desenfreado, deixando de lado a importância de bons exemplos nesse que é o momento crucial para a formação do caráter e personalidade dos pequenos. A justificativa é que as crianças de hoje não são mais as mesmas de décadas passadas e precisam de referências mais de acordo com as mudanças culturais e tecnológicas do século 21. Mas há um programa que há 4 décadas resiste a todas essas mudanças de pensamento, cultura e hábitos, conquistando milhões de fãs de todas as idades e classes sociais ao redor do mundo com uma premissa despretensiosa e cativante. (continue lendo…)

20 junho, 2011

Democracia à brasileira?


Imagine um país onde discordar dos demais é considerado crime. Um país onde a liberdade de pensamento não é vista com bons olhos quando esse pensamento não vai de acordo com o que parte da população pensa. Nesse país as pessoas clamam por punição àqueles que não seguem o que eles julgam ser correto. Esse país poderia ser considerado democrático?

Há vários meses vemos um entediante embate em torno do projeto de lei 122/2006, aquele famoso por criminalizar a homofobia. De um lado dessa briga está o "povo de deus" com seus dogmas ultrapassados e opiniões duvidosas sobre como a sociedade deve viver sua vida, mas que está no pleno exercício de seu direito de criticar e não aceitar a homossexualidade. Do outro lado encontramos alguns gays querendo impor à força que todos os aceitem do jeito que são, ameaçando de prisão àqueles que pensem o contrário.

Vendo os discursos inflamados dos gays fico apenas com uma pergunta em mente: Quando foi que "ser aceito" tornou-se mais importante do que "ser respeitado"? Gays revoltados reivindicando a liberdade de serem gays ao mesmo tempo em que lutam pela aprovação de uma lei que torna crime alguém exercer seu direito constitucional de emitir uma opinião contrária à "causa gay" me causa um enorme desconforto. Querem, pela força da lei, deturpar o princípio básico da democracia em nome de uma imbecilidade criada por pessoas que parecem não entender o que é exatamente o conceito de um país democrático.

Faz sentido condenar à prisão uma pessoa apenas por ela não compartilhar da mesma opinião dos demais? Que sociedade queremos ser proibindo as pessoas de emitirem opiniões ou exercer suas religiões? Que sociedade é essa em que gays se consideram cidadãos de primeira classe e inatingíveis, quando a Constituição diz que todos são iguais e livres? - O que não está em discussão no momento é a violência e incitação ao ódio contra os gays. Assim como qualquer crime do gênero esse deve ser punido conforme o que já prevê a lei.

Muitos já leram em meu blog textos em que critico certas atitudes e pensamentos religiosos e alguns acontecimentos políticos, e que continuo a escrever por mais que minhas opiniões não agradem parte dos leitores. Isso só é possível porque vivo em um país onde sou livre para opinar tendo como base meus conhecimentos, crenças e ideologia. Esse é um direito que eu, cidadão brasileiro, não abro mão. Por que então tirá-lo de outros?

Uma sociedade democrática se constrói com debates e discussões, não com a imposição de determinadas ideias ou ideais que alguns julgam serem mais corretos. Uma sociedade igualitária se constrói com respeito à liberdade individual de pensamento, religião e orientação sexual, por mais que você possa não aceitar. Uma sociedade digna de se viver é aquela em que os cidadãos se sintam seguros e livres para expor o que pensam sem medo de serem julgados e condenados. E é por esse tipo de sociedade que todos nós devemos lutar.

13 junho, 2011

Brasil, o país amigo dos terroristas


Na última quarta-feira (8) o Supremo Tribunal Federal determinou que o terrorista Cesare Battisti deve permanecer no Brasil como um cidadão comum e livre, ignorando os crimes cometidos por ele na Itália, país onde foi condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos em nome "da causa comunista". A decisão dos nobres juristas seguiu a linha de pensamento do ex-Presidente Lula, que em seu último dia como governante da "Terra Tupiniquim" decidiu que Battisti, seu companheiro de ideologia, merecia carinho, amor e proteção do povo brasileiro, em nome dessa "causa comunista". Com isso, desrespeitamos tratados firmados com o povo italiano, um povo soberano e democrático, que tem o direito de julgar e prender seus criminosos. Desrespeitamos o bom senso, que diz ser de direito de um país julgar e condenar seus criminosos sob suas leis, lembrando mais uma vez, soberanas, democráticas e legítimas.

O mesmo PT que acolheu e defendeu um terrorista condenado é o mesmo que em 2007, durante os Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, enviou de volta a Cuba os boxeadores que fugiram da delegação de seu país e pediram asilo político. O crime cometido por eles? Apenas tentaram fugir de um país comunista, o paraíso para os petistas e outros tantos adeptos dessa ideologia. "Como pode alguém querer sair de Cuba, aquele país maravilhoso?!", devem ter pensado os companheiros petistas.

Nesses últimos anos com o país sob a administração petista os brasileiros viram todo tipo de decisão duvidosa envolvendo ideologias comunistas e antiamericanimos baratos. Vimos isso no apoio incondicional do ex-Presidente Lula ao Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, inimigo declarado dos Estados Unidos. Também vimos Lula e seus companheiros trocando palavras de amor com o projeto de ditador comunista Hugo Chávez, outro inimigo da democracia e dos Estados Unidos. E o que dizer das declarações estapafúrdias de Marco Aurélio Garcia, então assessor para assuntos internacionais da administração lulista, classificando como "esterco cultural" os programas e filmes americanos exibidos no Brasil, insinuando sua proibição? Prova maior de imbecilidade com toques de ideologismo e antiamericanismo ultrapassados não há.

O Governo italiano já divulgou que recorrerá ao Tribunal Internacional de Haia contra a decisão brasileira. Um país como o Brasil, que almeja um lugar ao sol no Conselho de Segurança da ONU, poderá sair com a imagem prejudicada. Afinal, um país que não honra seus tratados e desrespeita a soberania de um país amigo democrático merece confiança? O PT e o STF mostram que não.

23 maio, 2011

A Blockbuster não sabe o que é respeito


A Lei nº 13.747/2009, conhecida como "Lei das Entregas", sancionada pelo então Governador José Serra é clara e objetiva: as empresas ficam obrigadas a fixar data e período (manhã, tarde ou noite) para a entrega dos produtos ou realização de serviços. De posse dessas informações entrei em contato com a Blockbuster Online (empresa do grupo B2W, o mesmo dos sites de compras Submarino e Americanas.com) para solicitar que fosse respeitado meu direito de não precisar esperar o dia inteiro por uma entrega que nunca sei quando chegará. Em todas as tentativas de contato civilizado a Blockbuster Online se recusou a cumprir a lei, demonstrando claro descaso e falta de respeito com o cliente.

Cansado de ser ignorado e de receber respostas prontas do atendimento ao cliente (a empresa não possui contato telefônico. Tudo é feito somente por e-mail) resolvi recorrer a maior arma da atualidade contra empresas como a Blockbuster: a Internet. No dia 15 de junho de 2010 tomei a iniciativa de abrir uma reclamação no site especializado Reclame Aqui na esperança de que assim meu problema tivesse a atenção adequada. E por um momento teve. A Blockbuster Online respondeu dizendo: "Esclarecemos que a Blockbuster Online está em processo de adequação à Lei nº 13.747/09. Nos próximos dias, quando finalizarmos a implantação do novo sistema de entregas, nossos clientes receberão um comunicado oficial informando as mudanças e explicando os novos procedimentos."



Pura balela para enrolar mais ainda, pois até o momento, quase um ano depois, nada foi feito. Nenhum procedimento de adequação à "Lei das Entregas" foi realizado, nenhum comunicado foi enviado aos clientes e a Blockbuster Online continua informando por meio de suas mensagens padronizadas que não atenderá a determinação do Governo de São Paulo simplesmente porque não quer.

O relacionamento tempestuoso do grupo B2W com seus consumidores já não é mais novidade. O desrespeito ao cliente, o despreparo para lidar com os problemas e simplesmente falta de vontade em atender de forma satisfatória levou a empresa a protagonizar a reportagem de capa da revista Exame no início de maio desse ano. Com o título mais do que adequado "Em guerra com o consumidor", a Exame mostra em detalhes o declínio de prestígio de um dos maiores grupos de comércio eletrônico do Brasil desde a fusão entre Submarino e Americanas.com. Apenas no site Reclame Aqui a B2W teve mais de 25 mil reclamações em 2010. Já no Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (SINDEC) a B2W somou mais de 1.800 reclamações somente no mês de janeiro deste ano.

Grandes empresas como a B2W tendem a apoiar-se na força de suas marcas, deixando de lado o fato de que a força dessas marcas provém justamente do bom relacionamento com seus consumidores. Quanto mais cedo a B2W perceber isso, mais cedo ela deixará de ser uma das piores empresas do país.

E àqueles que pensam em contratar os serviços ou fazer compras com uma das empresas da B2W, fica a dica: pense muito antes de qualquer decisão. Ainda há tempo de você evitar uma grande dor de cabeça.

21 maio, 2011

A lição dada por Amanda Gurgel

Há anos o cenário político brasileiro deixou de representar as vontades e desejos do povo. Partidos e políticos parecem viver em terras encantadas, onde tudo funciona corretamente, onde todas suas decisões são as melhores possíveis e a população está sempre feliz e satisfeita. É o "Brasil oficial" distante do "Brasil real".

A educação é a área em que mais sentimos a ausência de empenho por parte dos nossos governantes. Independente de partidos, se de esquerda ou de direita, todos parecem pouco se importar com a importância da educação de qualidade para o futuro do país. E uma questão tão importante como essa é tratada por militantes como algo meramente partidário. Basta ver os discursos inflamados de professores militantes de esquerda contra partidos de direita, como se a melhoria da educação dependesse de questões ideológicas. Até que surgiu Amanda Gurgel, uma professora da rede pública do Rio Grande do Norte, que com fala simples, educada, clara e objetiva foi capaz de resumir em um rápido e emocionante discurso a situação da educação no Brasil, em especial no Rio Grande do Norte, durante audiência pública na assembleia do seu Estado, deixando claro que o problema vai muito além de partidos e ideologias. O problema está enraizado em nossa política, em nossa cultura.

O vídeo desse discurso extraordinário correu as redes sociais e os telejornais, fazendo de Amanda a nova voz daqueles que lutam pela melhoria da educação e que mostram ter em seus corações não apenas a vontade, mas a capacidade de fazer desse país um lugar melhor.

Vendo esse discurso só consigo pensar em uma coisa: inveja dos alunos que tem a oportunidade única de ter como professora essa mulher fenomenal. E, se há mais pessoas como Amanda, o Brasil terá salvação.


25 abril, 2011

Quem tem medo da Patty Hewes?


A novela acabou! "Damages", uma das séries mais prestigiadas do mundo, voltará à TV americana em julho após meses de impasses entre as produtoras. Finalmente Patty Hewes e Ellen Parsons terão mais duas temporadas de vida, para o deleite de milhões de fãs que passaram os últimos meses apreensivos com a notícia do cancelamento da série pelo canal pago americano FX. Pelo novo acordo firmado a DirecTV passará a ter os direitos de produção das novas temporadas e exibição das três anteriores.

Durante três temporadas "Damages" surpreendeu a todos com seu roteiro brilhante e engenhoso de tirar o fôlego e elenco de primeira linha. Também não seria para menos, com Glenn Close numa atuação perfeita como Patricia Hewes, a mais poderosa e respeitada advogada dos Estados Unidos, que fez fama e fortuna vencendo seus casos das formas mais obscuras possíveis, não respeitando ética, moral ou leis. Para Patty o fim sempre justifica os meios, não importando quais danos cause pelo caminho. A perfeição com que Glenn Close dá vida à protagonista já lhe rendeu 13 indicações de melhor atriz, das quais ganhou 3. Quem já sentiu frio na espinha apenas com aquele olhar frio e penetrante sabe que essas indicações foram mais do que merecidas.

Sempre baseando suas histórias em acontecimentos ou pessoas reais, apenas adicionando os elementos ficcionais necessários para dar a característica já conhecida da série, "Damages" teve em sua eletrizante primeira temporada (iniciada em 2007) a guerra travada entre Patty Hewes e um empresário que levou à falência sua companhia roubando o dinheiro dos acionistas. Nessa temporada conhecemos Ellen Parsons, uma jovem recém-formada na faculdade de Direito que, após ser contratada para o emprego dos seus sonhos, passa a conhecer o mundo de Patty Hewes e seus métodos de trabalho escusos e pouco republicanos.

Para a segunda temporada Patty voltou ainda mais fria para lutar contra uma indústria química que causou danos ao meio ambiente. Até agora essa é a melhor temporada da série, com Glenn Close ainda mais assustadora e cenas de fazer você não querer desgrudar os olhos da TV por um minuto sequer. E é na segunda temporada que Ellen passa da ingênua recém-saída da faculdade para uma verdadeira funcionária de Patty Hewes.

A terceira temporada, a menos empolgante, mas não pior, teve como foco a maior fraude corporativa da história americana. E coube a Patty a recuperação do dinheiro, da forma que só ela sabe fazer, claro.

Para a quarta temporada, que terá 10 episódios, os criadores e produtores da série Daniel Zelman, Glenn Kessler e Todd Kessler anunciaram que Patty brigará contra uma companhia de segurança contratada pelo Governo para atuar no Iraque.

Com esse tema explosivo tudo indica que a volta de "Damages" não deixará nada a desejar. Prenda a respiração e espere por mais intrigas e jogadas de mestre de Patricia Hewes.

15 abril, 2011

A cidade está melhor sem os fretados?

Após a restrição, o caos.

Quase dois anos depois de começar a vigorar a restrição aos ônibus fretados na cidade de São Paulo a Prefeitura alega que os congestionamentos diminuíram, a vida das pessoas está muito melhor e o sistema de transporte público flui magnificamente. Um verdadeiro conto de fadas. Mas, longe da fantasia criada pelos políticos para justificar suas tomadas de decisões errôneas, a realidade é totalmente diferente.

Se olharmos as médias de congestionamento dos últimos anos veremos que pouco, ou nada, mudou com os ônibus fretados fora da área conhecida como "centro expandido", região com as piores vias para se trafegar. E, levando-se em conta os milhares de carros a mais que passaram a rodar pelas ruas da cidade após a abrupta restrição, a ideia do Prefeito Kassab se mostra ineficiente, atrasada e completamente equivocada, indo totalmente contra o que se espera de uma cidade que busca melhorar a mobilidade do seus moradores e visitantes. Ideia esta que fora tomada unicamente para satisfazer os donos das companhias de ônibus que atuam nas linhas municipais, insatisfeitos com a crescente demanda ávida pelos excelentes serviços oferecidos pelas companhias de fretados.

As justificativas para a restrição, e praticamente extinção, desse serviço foram muitas. Teve quem dizia "ser um serviço que favorece somente a classe média", como se eles fossem cidadãos de segunda classe, sem o direito de exigir serviços de melhor qualidade. Outros apostaram na demonização, declarando serem os ônibus fretados os grandes vilões do trânsito, esquecendo que o verdadeiro vilão do caos urbano é a falta de planejamento durante anos por parte dos governantes.

Para derrubar a teoria de que seriam os ônibus fretados os grandes vilões basta fazermos uma conta simples: a frota que circulava pela cidade era de pelo menos 1.300 ônibus. Cada ônibus comporta em média 50 pessoas. Supondo que dessas 50 pessoas 45 tenham carro, chegamos facilmente à conclusão de que, ao todo, os ônibus fretados tiravam das ruas, todos os dias, 58.500 carros. Carros esses que hoje voltaram a abarrotar as ruas e avenidas, piorando ainda mais a qualidade de vida das pessoas e do ar que respiramos.

Apostando numa ideia sem qualquer fundamento lógico, a Prefeitura de São Paulo mostrou, mais uma vez, não estar preparada para enfrentar os problemas dos congestionamentos intermináveis e do transporte público deficiente. E os políticos, como não poderia deixar de ser, mostraram não estarem interessados em melhorar a vida dos seus cidadãos, mantendo seus olhos virados para seus umbigos. E enquanto o Prefeito Kassab sair de helicóptero do seu belo apartamento para ir à Prefeitura por causa do trânsito, absolutamente nada do que está errado mudará tão cedo.

13 abril, 2011

Banco Cyan - Pelo uso consciente da água


Em tempos de consciência ambiental proliferam iniciativas para o uso correto dos recursos naturais (que, ao contrário do que a maioria das pessoas acredita, são finitos sim). E uma dessas iniciativas veio para mudar a forma como encaramos o uso da água potável. Numa parceria entre o Movimento Cyan (criado pela companhia de bebidas Ambev) e a Sabesp (companhia de saneamento básico do Governo do Estado de São Paulo) foi criado o Banco Cyan, onde a moeda são os litros d'água economizados.

O banco funciona de uma forma muito simples: você acessa o site, abre sua conta e começa a economizar água na sua casa ou estabelecimento comercial. Quanto mais você economizar mais pontos acumula, podendo trocar por descontos em produtos e serviços das empresas participantes, como Submarino, Americanas.com, entre outras.

Por enquanto apenas pessoas atendidas pela Sabesp podem participar do Banco Cyan, mas em breve o projeto será estendido para outras regiões, e todos poderão desfrutar desse novo jeito fácil e divertido de economizar água. O planeta agradece. O seu bolso mais ainda.

11 abril, 2011

A cultura brasileira muito além do samba e Carnaval


Sempre fizeram questão de mostrar o Brasil como sendo um país de samba e Carnaval. Quando o assunto é música, sempre falam do samba. Quando o assunto é festa, sempre falam do Carnaval. É como se o Brasil fosse um país pobre culturalmente, incapaz de produzir qualquer outra coisa que não seja samba e Carnaval. Mas o programa "Almanaque Brasil" veio para mostrar o quanto nosso país é rico culturalmente, com diversas faces, cores e sons, indo muito além da Sapucaí.

Fruto da parceria entre a produtora Andreato, TV Brasil e Fundação Padre Anchieta (mantenedora da TV Cultura), o "Almanaque Brasil", apresentado pela cantora Luciana Mello, nos traz de forma descontraída e divertida um pouco da história do nosso país, as personalidades de grande importância para a cena cultural nacional e curiosidades da nossa cultura popular, nos ensinando que somos multiculturais e ricos.

"Almanaque Brasil" vai ao ar na TV Brasil aos sábados, às 19h (reprise nas segundas, às 20h), e na TV Cultura aos domingos, às 14h30 (reprise aos sábados, às 15h30).

09 abril, 2011

O porque do atirador do Realengo



Sensacionalismos e comoção pública à parte, não podemos nos deixar levar pelas circunstâncias e esquecer os verdadeiros motivos que levaram o jovem Wellington, de 23 anos, a disparar contra as crianças da sua antiga escola, no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro. Se analisarmos com um pouco mais de atenção encontraremos facilmente dois desses motivos: Primeiro, devemos ter em mente que ele era claramente uma pessoa com distúrbios mentais sérios que não recebeu o tratamento adequado simplesmente porque sua família, amigos e professores apenas o achavam "um menino estranho e quieto". Segundo, que a escola em que ele passou sua infância falhou ao não identificar os distúrbios mentais para encaminhar o jovem para tratamento adequado, como se espera de uma escola preocupada com o bem-estar das suas crianças e preparada para lidar com alunos que demonstrem ter algum distúrbio psiquiátrico.

Comoção pública sempre é palco para ideias e comentários esdrúxulos. Falou-se da necessidade de instalação de detectores de metais nas escolas, como se transformá-las em mini presídios resolvesse os problemas. Também trouxeram à tona a questão do porte de armas, como se ter ou não porte mudasse o fato de que Wellington poderia conseguir as armas de fogo usadas no ataque em qualquer canto (assim como proibir a venda de drogas não impede que as pessoas se droguem). Até o Governador Sérgio Cabral ajudou a deturpar a história chamando Wellington de "animal" e pregando que o assunto é um "problema de segurança pública". Levar o foco do problema para esse lado serve unicamente para desviar a atenção da questão principal, que é a incapacidade do Estado brasileiro de oferecer tratamento psicológico adequado e de qualidade. É grande o número de pessoas que apresentam sintomas sérios de distúrbios mentais e que não conseguem atendimento na rede pública de saúde, colocando em risco a vida das pessoas nas ruas, das próprias famílias, e delas mesmas. Como exemplo temos o caso do personal trainer Alexandre Fernando Aleixo, que agrediu um cliente da Livraria Cultura com um taco de beisebol em dezembro de 2009. Mais tarde soube-se que Alexandre sofre de esquizofrenia.

E quem não lembra do estudante de medicina Mateus da Costa Meira, que disparou uma metralhadora dentro da sala de cinema do Morumbi Shopping, em São Paulo? Depois, no decorrer das investigações, constatou-se que o jovem era mais um dentre os milhões de brasileiros que sofrem de algum distúrbio mental.

Enquanto tratarem a saúde psiquiátrica com descaso e os doentes serem taxados de "animais" teremos muito mais casos como o do Realengo, da Livraria Cultura e do Morumbi Shopping. Só espero que com a Presidente Dilma ficando comovida com o caso do Rio de Janeiro as prioridades dentro da saúde comecem a mudar.

20 março, 2011

Uma mulher na presidência. Dos Estados Unidos


Todo esse circo em torno da vinda ao Brasil do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, me fez lembrar uma das séries de maior prestígio da TV americana, "Commander in Chief", exibida pela rede de TV aberta ABC entre 2005 e 2006.

Criada por Rod Lurie e estrelada por Geena Davis, "Commander in Chief" nos leva para conhecer a vida de Mackenzie Allen, uma promissora congressista independente do Estado de Connecticut e reitora da University of Richmond que fora escolhida pelo candidato do Partido Republicano Theodore Roosevelt a assumir o cargo de Vice-Presidente. Com a morte de Theodore provocada por um aneurisma Mackenzie ascende à presidência, tornando-se a primeira mulher a comandar a nação mais poderosa do planeta.

Os desafios de Mackenzie mostram-se maiores do que o imaginado quando ela se vê em meio a guerra pelo poder entre Republicanos e Democratas, e tendo que lidar com a descrença na sua capacidade de liderança por ser mulher e não ter partido. É o momento em que ela precisa impor seus ideais liberais de ex-congressista independente e mostrar que sua visão feminina e humana é o bastante para lidar com as questões do poder como "líder do mundo livre".

Não bastando os problemas da presidência, Mackenzie ainda precisa conciliar a vida pública com a particular. Como ser mãe e esposa ao mesmo tempo em que resolve um caso de terrorismo ou uma crise diplomática? Como lidar com o marido que não aceita o fato da esposa ser mais bem-sucedida do que ele? O que fazer com filhos problemáticos que perderam a presença materna?

Com ótimo roteiro e atuações primorosas, "Commander in Chief" teve tudo para ser um grande sucesso. As 14 indicações mais o Globo de Ouro de melhor performance recebido por Geena Davis mostram isso. Mas as premiações e elogios da crítica e do público não foram o suficiente para acabar com os desentendimentos entre a equipe e a emissora, levando ao cancelamento da série logo em sua primeira temporada.

Para sanar algumas questões não explicadas ao longo dos 18 episódios e dar uma nova visão à história, a ABC anunciou em 2006 que a série viraria filme, porém, os desentendimentos do criador, Rod Lurie, com a emissora também enterraram mais esse outro projeto.

Aos fãs de "Commander in Chief" resta apenas apreciar essa ótima produção com o box especial que inclui, além dos 18 episódios completos, extras bem esclarecedores sobre a produção e os motivos que levaram ao cancelamento da série. Àqueles que gostam de histórias sobre política e poder, fica aí uma ótima dica.


17 março, 2011

Quem precisa de trem-bala?

O trem-balada acabará com essa cena?
Nessa semana o Ministério Público Federal de Brasília questionou a licitação do famigerado trem-bala tupiniquim, pedindo sua imediata suspensão. Não, o questionamento não foi se é realmente necessário gastar tantos bilhões (mais de R$ 60 bilhões, para ser mais exato) em um único meio de transporte em um país cuja infraestrutura dos grandes centros urbanos (em especial São Paulo e Rio de Janeiro) beira o colapso por pura e completa incompetência governamental. Para quem esperava um questionamento moral e ético ficará decepcionado, pois o MPF/DF foi puramente técnico, referindo-se somente a algumas inconsistências na licitação.

Você que passa 2 horas no transporte público ou parado no congestionamento, saiba que o trem-bala é tratado como prioridade pela administração petista, que até o momento não demonstrou sinais de desistência desse que promete ser um dos maiores e mais caros elefantes brancos já vistos em solo brasileiro. E há duas razões para toda essa persistência. A primeira delas é a propaganda. A entrega de uma obra faraônica sempre foi o desejo dos nossos políticos. A massa gosta, a massa aplaude, a massa delira, e depois, a massa vota. A segunda razão é a financeira. Afinal, as empreiteiras precisam sacar os lucros dos investimentos na campanha eleitoral. E nada melhor do que uma gigantesca e bilionária obra faraônica.

R$ 60 bilhões em linhas de metrô diminuiria os congestionamentos
Quando ainda Presidente Lula tentou justificar o aporte de tantos bilhões de reais numa obra incerta dizendo que "o Brasil precisa perder o complexo de vira-lata" (seja lá o que um trem-bala tem a ver com isso). Na cabeça megalomaníaca do nosso ex-governante se países ricos possuem trens de alta velocidade, então o Brasil tem a obrigação moral de ter também, afinal, "não somos mais pobres". E para satisfazer seu ego insaciável seus pares evitaram lhe dizer o quanto o Brasil precisa evoluir para chegar ao ponto em que poderemos gastar tempo e dinheiro com extravagâncias. Também evitaram contar o quanto nossos aeroportos estão abandonados e o quanto o transporte público nas regiões metropolitanas está caótico.

Eles precisam de trem-bala?

Atualmente o Brasil conta com pouco mais de 29 mil quilômetros de trilhos, enquanto a malha americana ultrapassa os 220 mil quilômetros. É ingenuidade pensar que construindo uma única linha moderna e cara compensará décadas de verdadeiro abandono da malha ferroviária e todos os problemas do país em infraestrutura serão resolvidos. No transporte das regiões metropolitanas o cenário é ainda pior. Em São Paulo o sistema metroviário conta com míseros 69 quilômetros de trilhos e 60 estações (Nova York possui 468 estações distribuídas em mais de mil quilômetros de trilhos).

Dizem que Dilma Rousseff é mais centrada nas questões administrativas e menos performática do que seu antecessor. Esperamos então que ela dedique um pouco mais de tempo para analisar o projeto do trem-bala e mostre seu lado sensato reconhecendo o quanto essa obra é desnecessária para o nosso país e tenha a decência de dar um destino mais apropriado para os bilhões dos nossos impostos.

14 março, 2011

A Renault contra a liberdade de expressão


"Abuso do direito de liberdade de expressão". Foi essa a decisão da 1ª Vara Cível de Concórdia (SC) contra Daniely Argenton, consumidora que criou o site Meu Carro Falha para denunciar o descaso com que a montadora Renault trata o problema com seu carro, um modelo Mégane, comprado há mais de três anos e que desde então nunca funcionou corretamente. A montadora, ao invés de seguir o caminho mais óbvio (trocar o veículo defeituoso), optou por acionar a justiça para punir a consumidora insatisfeita.

Numa clara e torta definição do que seria "prejudicar a imagem da montadora", o juiz Renato Maurício Basso determinou que Daniely retire do ar o site e os perfis do Facebook, Twitter e YouTube que eram usados para a divulgação do problema enfrentado por ela, que até então foi completamente ignorado pela Renault. A pena pelo não cumprimento dessa decisão será de R$ 100 ao dia.

Será que não passou pela cabeça do juiz que a própria montadora é a culpada pela inevitável perda de imagem? Uma companhia que escolhe o caminho da punição dos seus clientes insatisfeitos deveria estar ciente das consequências decorrentes de sua atitude arbitrária e burra. E mais, um veículo que nunca funciona corretamente e uma montadora que não honra seu compromisso de oferecer a garantia amplamente divulgada em anúncios não terá sua imagem prejudicada por uma eventual denúncia de um cliente insatisfeito, e sim por sua incapacidade administrativa e operacional de lidar com uma crise.

A Renault poderia muito bem aprender com a Brastemp, que recentemente também se viu em meio a campanha de um cliente raivoso. A divulgação dos problemas enfrentados pelo cliente levou o nome da Brastemp a ser uma das palavras mais citadas no Twitter, o que imediatamente chamou a atenção da empresa. A Brastemp, sendo uma empresa consciente do valor da sua imagem a ser preservado e de que um problema com um de seus produtos é de inteira responsabilidade dela, entrou em contato com o cliente e resolveu o problema. Em seguida veio a público pedir desculpas e reconhecer a falha.

Falta à Renault esse mesmo senso de responsabilidade, de vir a público reconhecer suas falhas e tentar ao máximo satisfazer seus clientes e corrigir possíveis erros em seus produtos. A montadora terá de escolher se continuará utilizando os meios arbitrários para calar seus clientes, ou se resolverá da única forma imaginável e sensata. Afinal, o estrago da imagem já foi feito, com ou sem campanha.


21 fevereiro, 2011

Jeffrey Wigand, o homem que sabia demais

A indústria do tabaco sempre esteve entre as maiores e mais poderosas do planeta. Com investimentos pesados em publicidade (implícita e explícita) e pesquisas para o desenvolvimento de novos meios de aumentar o poder de vício do tabaco, eles foram se enraizando em Governos, criando fortes lobbies para defender seus interesses, e recrutando os mais caros advogados para se defender das acusações que brotam mundo afora.

Uma das maiores demonstrações de força dessa indústria aconteceu em 1996, quando Jeffrey Wigand, um ex-executivo da Brown & Williamson, uma das maiores companhias do setor na época (sendo incorporada pela R.J. Reynolds em 2004) resolveu contar tudo o que sabia numa entrevista para o renomado "60 Minutes", programa da rede americana CBS News. Contrariando interesses corporativos, tanto da indústria do tabaco quanto da própria emissora, essa entrevista desencadeou um dos casos mais constrangedores da imprensa americana, provocando um terrível mal-estar no meio jornalístico.

Já para a indústria do tabaco a entrevista de Jeffrey Wigand causou um golpe muito maior. Com a população em choque pelas declarações do ex-executivo de que eram adicionados aditivos químicos ao tabaco para que o efeito da droga fosse potencializado, aumentando as chances do usuário se tornar dependente, uma avalanche de processos caiu sobre as corporações, ultrapassando os US$ 360 bilhões em indenizações.

"O Informante" ("The Insider", 1999), filme que teve seu roteiro baseado no artigo "The Man Who Knew Too Much", de Marie Brenner, originalmente publicado na revista Vanity Fair (leia aqui, em inglês), mostra como foi o desenrolar dessa história que marcou o povo americano pela arrogância e ganância da indústria do tabaco, e pela censura dentro de uma das maiores corporações de mídia daquele país.

Na direção o filme conta com Michael Mann, que tem em seu currículo "O Último dos Moicanos" e, mais recentemente, "Inimigos Públicos". Russell Crowe, mais gordo e envelhecido, como Jeffrey Wigand, papel que lhe rendeu indicações ao Oscar, Golden Globe e BAFTA de melhor ator, e Al Pacino como o produtor do "60 Minutes", Lowell Bergman.

A bagagem de "O Informante" conta ainda com mais seis indicações ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor montagem e melhor som. Já no Golden Globe ele teve garantida as indicações para melhor filme drama, melhor diretor, melhor roteiro e melhor trilha sonora original.

17 fevereiro, 2011

Sangue para começar bem o dia


São 6h da manhã. Você acorda para o trabalho naquele clima de preguiça e sono tão característicos da vida moderna. Enquanto se arruma e saboreia um delicioso café-da-manhã para carregar suas energias para aguentar o dia que começa, você liga a TV para saber das notícias do dia anterior que não teve tempo de prestar atenção, e para saber como está o trânsito que o espera no longo caminho até o trabalho. Zapeando pelos canais em busca de algo informativo você só encontra desenhos, Telecurso, programas de igrejas evangélicas, até que... finalmente! Você sintoniza no "São Paulo no Ar", o jornalístico matinal da TV Record transmitido para a Grande São Paulo. Então você pensa "Ufa! Finalmente poderei me informar um pouco nessa manhã gostosa". Ledo engano, meu caro. O "São Paulo no Ar" é a versão matinal do odioso "Brasil Urgente" (Band). Sua pauta é baseada em assassinatos, roubos, acidentes com automóveis e sequestros. É uma imensidão de desgraças apresentadas por William Travassos, no mais puro estilo Datena de ser.

Optar por um "mundo-cão matinal" não é exclusividade da TV Record. A Band tem em sua grade das manhãs o "Primeiro Jornal", apresentado por Luciano Faccioli, (ex-TV Record), que segue à risca a cartilha do sangue no café-da-manhã. E não é mera coincidência o apresentador também ter o puro estilo Datena de ser.

As únicas emissoras que fogem desse formato são a TV Globo, com seu aconchegante "Bom Dia Brasil", apresentado por Renato Machado e Renata Vasconcellos, e o SBT, com o "Jornal do SBT Manhã", uma espécie de clone matinal do "SBT Brasil", apresentado por Hermano Henning e Analice Nicolau. Desses dois o destaque maior fica com o "Bom Dia Brasil", que tem como formato um gostoso bate-papo entre os apresentadores, comentaristas e convidados. As matérias são leves, informativas e são apresentadas de forma agradável, sem os excessos que vemos no "São Paulo no Ar". E ainda assim conquista bons números de audiência.

O chamado "mundo-cão" sempre dominou a TV aberta brasileira. Durante anos esse formato jornalístico com claro apelo popularesco foi a carta na manga das emissoras para alavancar a audiência a qualquer custo. Com os números crescentes vieram também as críticas e protestos devido a qualidade duvidosa do conteúdo veiculado nesses programas, causando a debandada de patrocinadores, o que levou o formato à decadência, com algumas emissoras aposentando seus programas, ou repensando seu conteúdo. Já outras, não satisfeitas apenas com seus jornalísticos vespertinos, resolveram levar para as manhãs esse jornalismo de quinta categoria que em nada acrescenta à TV aberta. É aquela velha história de que colocar qualquer coisa no ar é um caminho mais fácil e mais rápido do que pensar em algo melhor. E depois não entendem porque o SBT consegue tanta audiência apenas colocando "Chaves" às 6h da manhã...

05 fevereiro, 2011

Como escrever uma novela

Passo 1: personagens

A novela deverá ser dividida em núcleos: "cômico", "pobre", "rico" e "romântico". Personagens pobres raramente interagem com os personagens ricos, salvo algumas situações. A interação entre pobres e ricos só é mais bem aceita dentro do núcleo "cômico" ou "romântico" (o mocinho e mocinha deverão sempre ser de classes sociais diferentes).
Os personagens do núcleo "cômico" deverão ser sempre caricatos e espalhafatosos. Não esqueça de incluir também personagens polêmicos: a puta do bairro, o viadinho afetado (esse deverá sempre fazer parte do núcleo "cômico"), etc.
E nunca, jamais, em hipótese alguma, esqueça de definir os mocinhos e os vilões, sendo os vilões sempre do núcleo "rico" e o mais caricato possível.
Lembre-se de que os personagens do núcleo "rico" NUNCA trabalham.


Passo 2: local das histórias

As histórias devem se desenrolar em torno de empresas ou cidades interioranas fictícias (se envolver uma empresa numa cidade interiorana melhor ainda). A história principal deve, obrigatoriamente, envolver o núcleo "rico" e "romântico". Qualquer coisa fora desse eixo é pouco aceito pelo público.
Não importa se o personagem é do núcleo "pobre" ou "rico", ele deve sempre morar em casas grandiosas e bonitas.


Passo 3: brigas e intrigas

Se sua novela não tiver brigas entre mulheres por causa de homem ou intrigas amorosas ela dificilmente fará sucesso.
É recomendado ter brigas por poder dentro do núcleo "rico". Caso sua história envolva uma empresa é obrigatório que as brigas sejam de personagens querendo o controle dela.


Passo 4: "merchandising"

Uma coisa muito em voga hoje em dia é o "merchandising", que é a odiosa forma de vender um produto do jeito mais tosco e ridículo possível: no meio da novela, fazendo os personagens pararem tudo o que estão fazendo para falar dos benefícios de determinado produto.
A grande moda do momento é incluir também o chamado "merchandising social", que é a forma que as emissoras arrumaram para tratar de assuntos polêmicos ou delicados, sempre didaticamente, como se o público fosse eternamente imbecil e incapaz de raciocinar sozinho.


Passo 5: enchendo linguiça

A novela deverá ter até 2 festas por mês, no núcleo "pobre" ou "rico". É recomendado que cada festa demore pelo menos 4 capítulos, dando assim a oportunidade de você disfarçar a falta de ideias para continuar a história.
Outra tática muito em voga no momento é encher metade do capítulo com cenas aéreas mostrando as paisagens, ou colocar os personagens do núcleo "romântico" em cenas em que ficam por vários e intermináveis minutos pensando na pessoa amada (recomenda-se essas cenas para momentos de choro).


Passo 6: diálogos enfadonhos

Tendo em mente que seu público é um pouco preguiçoso coloque os personagens explicando ao máximo possível o que está acontecendo na história. Quanto mais explicadinho mais o público será receptivo.
Não poupe conversa fiada. Quanto mais os diálogos entre os personagens forem cheios de frivolidades, inutilidades e papo meia-boca menos trabalho você terá para pensar no que escrever para o resto do roteiro.


Passo 7: morte do vilão

Não importando qual rumo a história leve, você deverá escolher 2 possíveis fins para o vilão: morrer (em um acidente ou assassinado) ou fugir para a Europa.


Passo 8: casamentos e finais felizes

Todos os núcleos deverão ter casamentos. Essa é uma regra mais do que obrigatória, não esquecendo que o casamento principal é o do núcleo "romântico", do mocinho com a mocinha. Esse casamento deverá sempre encerrar o último capítulo.
Nenhum personagem de nenhum núcleo (exceto os vilões) deverá ficar sem um final feliz.


Pronto, seguindo essas dicas você estará no caminho certo para escrever a próxima novela das 8.

25 janeiro, 2011

Tranque as portas do guarda-roupa!


Quem nunca teve medo do Bicho-Papão que durma primeiro com a luz apagada.

"Boogeyman" (intitulado "O Pesadelo" aqui no Brasil) foi lançado em 2005 e teve na produção Sam Raimi, o diretor de "Homem-Aranha" e produtor da versão hollywoodiana de "O Grito". O filme conta a história de Timmy Jensen, um jovem que é atormentado desde a infância pelas histórias do Bicho-Papão (Boogeyman, em inglês).

Quando ainda com 8 anos, Timmy presencia a morte de seu pai, um adulto incrédulo com a existência do monstro que aterroriza criancinhas ao redor do mundo há gerações. 15 anos depois, Timmy, um adulto traumatizado pelo acontecimento, se vê de volta ao passado dos guarda-roupas tenebrosos quando sua mãe morre e ele precisa retornar a sua antiga casa (o retorno ao antigo imóvel mal-assombrado parece ser um ponto comum em todos os filmes de terror).

O filme tem todos os ingredientes de um verdadeiro besteirol para adolescentes, mas que consegue, até certa altura, agradar aqueles que gostam do gênero de terror. A história, no geral, é interessante, chegando a ser até um tanto original, mas que não se sustenta até o fim. Assim como eu, talvez você terminará de assistir se perguntando "Mas... porque ele vai atrás das pessoas?!", "De onde ele vem?!", "Por que ele existe?!". Quando o filme acaba deixando mais perguntas do que certezas, algo tem de errado. Sinto que, ao escrever o roteiro de "Boogeyman", eles se apoiaram somente na interessante ideia de um monstro do imaginário infantil, deixando de lado a parte de desenvolver um enredo igualmente original. O que faltou de conteúdo, sobrou de sustos e cenas previsíveis. Um dos poucos trunfos de "Boogeyman" fica mesmo com as belas cenas, coisa rara em filmes do gênero.

Mas parece que nada impediu o sucesso do filme mundo afora. E os milhões de dólares arrecadados serviram de inspiração para duas outras continuações, lançadas em 2008 e 2009. A julgar pelo original, não acredito que as sequências tragam coisas melhores.




10 janeiro, 2011

Salvem o Belas Artes!

Por quase 70 anos o Cine Belas Artes foi o ponto de encontro de gerações, trazendo o prazer de assistir um bom filme. Os amantes do cinema de qualidade lá encontraram um oásis em meio a profusão de salas multiplex com seus combos e "blockbusters".

Pois agora, já tendo se tornado um ícone da cultura paulistana, o Cine Belas Artes sofre seu pior ataque. O atual proprietário do imóvel, demonstrando absurda falta de visão cultural e social, anunciou que pretende construir uma loja no local do cinema.

O protesto marcado para o próximo sábado (15), às 5h da tarde, mostrará nossa indignação com a falta de políticas públicas que protejam bens culturais e contra empresários sem visão que não são capazes de ver na cultura uma fonte de elevação social e enriquecimento para a cidade e seu povo.

Leve seu apito, sua panela, ou apenas sua vontade. Vamos fazer barulho e salvar esse que é um dos resquícios que conseguiram guardar o pouco da nossa cultura de qualidade.


Local: Cine Belas Artes (Rua da Consolação, 2423)
Hora: 8h da noite
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