28 março, 2009

Vou estar bloqueando...



O Governo do Estado de São Paulo ouviu nossas preces e, por meio do Procon-SP, promete acabar com o maldito incômodo que se tornou o telemarketing inoportuno. Fazendo um pequeno cadastro no site do Procon-SP (válido apenas para pessoas que moram no Estado de São Paulo), ficaremos livres de ligações no sábado de manhã, ou na hora do almoço. Ficaremos livres também de ter que aguentar "você estará recebendo..." ou "você pode estar pagando...".

Mas mal o cadastro entrou no ar e as empresas de telemarketing já começaram a reclamar. Dizem que isso é inconstitucional e que começarão a demitir funcionários (sempre usam a demissão para ameaçar). Dizem isso como se não fosse ilegal não permitir a escolha de não receber ligações inúteis para oferecerem serviços ou produtos que não nos interessam. Não nos dão o poder de escolher quando e como comprar ou adquirir tais coisas. Mostram que respeito ao consumidor é a última coisa na lista de prioridades. Mas felizmente isso irá acabar. Meu cadastro eu já fiz. Corra fazer o seu, e assim, poderemos nos ver livres desse câncer telefônico.

E se você acha isso tudo uma besteira e gosta das malditas ligações, é só não fazer o cadastro. Simples assim. E quando receber alguma ligação no sábado de manhã de alguém dizendo para você "estar assinando" alguma revista, lembrará de mim, que estarei dormindo gostoso, sem esse incômodo.

17 março, 2009

Funcionalismo sem causa


Nessa minha nova fase de "estar funcionário público" pude perceber melhor os verdadeiros problemas da administração pública. E nada tem a ver com dinheiro ou condições de trabalho como sempre é alardeado na mídia e em greves.

Em minha recente experiência de pouco mais de 10 meses coletei informações e formulei soluções que nunca serão levadas em conta. Uma delas seria acabar com o mar de chefes que assola todo ambiente do governo, mais conhecido como “muito chefe para pouca tribo”. Isso leva aos conflitos de interesses e as informações perdidas pelo caminho. O serviço não rende e o serviço público piora.

Outro ponto que merece mudança é a profissionalização dos cargos de liderança. Um bom exemplo do mal que a falta de profissionais qualificados é a direção das escolas. Atualmente, para ser um diretor basta ter passado alguns anos em sala de aula. Não são exigidos conhecimentos comuns a qualquer administrador, levando as escolas ao abismo da má gestão de verbas e atendimento sofrível à comunidade.

Mas o que mais me chamou a atenção nessa área foi uma característica muito típica do funcionalismo: odiar todos os funcionários recém-chegados. É engraçado ver atitudes que seriam impensáveis em empresas privadas serem toleradas e até mesmo incentivadas em qualquer órgão público. Para mim, essa maneira de agir demonstra um grande medo de serem “ofuscados”, afinal, funcionários novos são sempre mentes frescas e descansadas prontas a desempenharem um trabalho melhor do que o feito pelos que estão há anos acomodados no funcionalismo público.

Mas há algo que eu aprendi nessa fase passageira. Aprendi que pessoas não são confiáveis. Muito menos aquelas que sorriem e dão bom dia. Também aprendi a nunca dar as costas a um funcionário público. Eles são animais mais traiçoeiros que um tigre faminto.


PS: A pergunta que não quer calar: por que funcionário público se veste tão mal?

12 março, 2009

Bolsa burocrática


O ProUni (Programa Universidade para Todos), do Governo Federal, foi criado com o intuito de facilitar o acesso dos menos afortunados ao ensino superior. Seria uma ótima oportunidade se não fosse o grande mal que assola as ações do governo: a burocracia.

Eu, o mais novo bolsista do programa, senti na pele o peso dos encontros e desencontros burocráticos promovidos pelo Ministério da Educação (MEC). Listado entre os 5 selecionados na segunda chamada, minha saga começou com um gasto de R$ 2,50 em cópias de documentos para a comprovação da minha renda familiar e mais R$ 10,00 em passagens. Mal chego na universidade e já sou informado que a relação de documentos fornecida pelo MEC no site do ProUni estava errada. A correta era muito maior. Então, volto para casa já imaginando mais uma sessão de cópias (e mais R$ 8,50) para me atormentar.

Na semana seguinte, volto à universidade (mais R$ 10,00 em passagens). Chego às 9h e saio às 16h30. E antes de efetivar minha matrícula a funcionária me passa outra relação de cópias de documentos, fotos e boletim do ENEM (nada disso fora mencionado antes). E então, saio em busca de uma lan house (mais R$ 2,00) e local para tirar fotos (mais R$ 6,00) pelo centro velho de São Paulo. Aí sim, FINALMENTE, assino o contrato e vou embora feliz da vida (e R$ 39,00 mais pobre).

Todo o processo é tão burocrático e trabalhoso que só faz estimular os candidatos a omitirem informações para não serem recusados. Quem não conhece alguém que omitiu empregos ou familiares, ou que até incluiu pessoas para ratear ainda mais a renda familiar?

Por alguns poucos reais quase sou impedido de tentar a bolsa de estudos. De acordo com o MEC, uma família com 3 pessoas e renda de R$ 1.700,00, por exemplo, poderia arcar com mensalidades de R$ 1 mil (caso do meu curso). Aparentemente não levam em conta questões como contas, comida e dívidas. Aparentemente o ministério acredita que se você quer realmente fazer faculdade essas coisas se tornam supérfluas.

Por tudo isso, não me espanta a enorme quantidade de bolsas ociosas (cerca de 46 mil só no ano passado), e que só irá aumentar, transformando o ProUni no Fome Zero da educação.
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