29 junho, 2010

Fim do Geni


Na semana passada foi ao chão o esplendido casarão construído em 1890 que abrigava o Geni, um dos pontos mais badalados e autênticos da vida noturna de São Paulo. No lugar foi projetada a construção de um enfadonho prédio comercial com 11 andares de escritórios cafonas, para o deleite de engravatados robotizados.

Que cidade é essa que destrói um precioso patrimônio com mais de 100 anos de história para dar lugar ao que chamam de "progresso", nas palavras de Kalil Rocha Abdalla provedor da Santa Casa, antiga dona do imóvel? Que cidade é essa que é incapaz de conviver em harmonia com seu passado, com a riqueza centenária que embeleza essa cidade tão cheia de cinza e concreto?

A cidade não perdeu apenas um prédio histórico. Junto com aquele prédio foi também um pedaço do que podemos chamar de balada. Local onde a noite era intensa, divertida e agradável. O Geni, com seus cômodos aconchegantes e espaçosos, era convidativo às reuniões com amigos que viravam a noite. Tudo ao som de boa música ao vivo, coquetéis deliciosos e comida saborosa.

Os donos confirmam que há planos da reabertura do Geni em outro local da cidade. Mas, cá entre nós, jamais será a mesma coisa.

E viva o progresso!

21 junho, 2010

Trabalho sem sentido

Tenho pensado um pouco mais no sentido que a vida leva considerando o trabalho que a maioria de nós mortais tem. Trabalhar de segunda a sexta, no horário comercial, desempenhando diariamente as mesmas funções, vendo as mesmas pessoas e fazendo sempre o mesmo caminho de casa-trabalho, trabalho-casa. Para que serve tudo isso? Qual o sentido dessa rotina em nossas vidas? Será mesmo que devemos perder tanto tempo com coisas que só nos trazem estresse, doenças e gastos? Qual o propósito que conseguimos encontrar levando essa vida tão limitada?

Cansado do trânsito interminável e dos ônibus desconfortáveis decidi vir para o trabalho de trem e metrô. Nessa minha nova rotina pude reparar melhor nas pessoas a caminho de seus empregos entediantes e uma coisa me chamou atenção: somos gado, somos animais adestrados. Não passamos de uma massa vazia e robótica, vivendo nossas vidas como meros coadjuvantes, inertes, calados e repetitivos. Aprisionados nessa rotina entediante, enfadonha, ridícula.

Quando digo às pessoas que nossas vidas poderiam ser mais dinâmicas e úteis, com horários de trabalho flexíveis, sem cobranças, sem chefes, sem tédio, me chamam de louco, de idiota. Dizem que penso assim por ser jovem e imaturo, que o sistema é assim, e assim sempre será. Mas será que pensar que podemos mudar o mundo e tornar nossa existência um pouco mais significante é burrice, utópico, ingenuidade?

Sinto por aqueles que pensam que nossas vidas se resumem a relatórios mensais, metas a serem cumpridas a todo custo, cumprimento rígido a horários e rotinas burocráticas, que ao invés de produzir resultado apenas nos dá sono, acumula papel e não leva a lugar algum. Pensar que ter um estilo de vida engravatado é sinal de sucesso é pensar que nossa capacidade deve ser limitada a um gasto de energia desnecessário. Quando poderíamos colaborar, criar e fazer muito mais, estamos entre quatro paredes em nossas mesas entulhadas de papel cheios de inutilidades, nossos computadores mostrando em suas telas planilhas coloridas inúteis e com os chefes presos em nossos ombros feitos papagaio de pirata sempre cobrando "aquele relatório", ou "aquele processo".

Acredito que todos nós podemos mais, que podemos oferecer o melhor dos nossos conhecimentos. Apenas precisamos de liberdade, de autonomia, de oportunidade para sermos criativos. Assim, teremos uma vida mais feliz, mais produtiva, mais útil. Mais vida.

16 junho, 2010

Código Florestal em perigo


A Comissão Especial do Código Florestal Brasileiro deve votar na próxima segunda-feira (21) as mudanças no Código Florestal propostas pelo relatório do deputado Aldo Rebelo (aquele que diz que o boi é o animal de estimação preferido do povo brasileiro), apresentado na última semana. Estas modificações tornam a legislação menos restritiva e colocam em risco a proteção ao meio ambiente e a qualidade de vida dos brasileiros. "Este documento é dedicado aos interesses econômicos específicos de um setor e não de toda a nação e, se aprovado, o novo Código Florestal Brasileiro poderá causar retrocesso e impactos ambientais irreversíveis", afirma Mário Mantovani, diretor de políticas públicas da SOS Mata Atlântica. Agora, é preciso que toda a sociedade fale com os políticos em que votou e cobre uma posição do governo em relação a esta nova legislação. Para saber mais sobre como agir, acesse o site da campanha Exterminadores do Futuro.

E você quer enviar sua indignação ao digníssimo deputado Aldo Rebelo? Envie sua mensagem para dep.aldorebelo@camara.gov.br e mostre que estamos de olho.

15 junho, 2010

Desrespeito à "Lei das Entregas"


Me revolta ver o quanto as empresas desrespeitam a Lei nº 13.747, conhecia como "Lei das Entregas", que determina a obrigatoriedade das empresas em informarem ao consumidor o dia e o turno (manhã, tarde ou noite) para realizar a entrega das mercadorias. Por que é tão difícil cumprir uma determinação do Governo? E porque é tão difícil respeitar um direito dos consumidores?

Ao entrar em contato com a Blockbuster e mencionar o desrespeito recebi uma resposta que nas entrelinhas dizia "Vá se foder! Vamos continuar do mesmo jeito e você não tem nada a ver com isso". Até quando isso continuará? Por que essas empresas não são punidas? E será que é tão difícil seguir a Lei? Bom, o Procon dirá.

Lembrando que até o momento meu pedido não foi entregue. Aguardo por esse momento desde o último sábado (12) e nada do entregador dar o ar da graça. De acordo com a Blockbuster eu não deixei ninguém em casa plantado feito um idiota esperando pela boa vontade do entregador aparecer.

14 junho, 2010

Campo de concentração tupiniquim

Na reportagem sobre as condições deploráveis dos presídios do Estado do Espírito Santo exibida ontem (13) no programa "Domingo Espetacular" (TV Record) ficou mais do que claro o quanto somos um país atrasado, pobre e desumano.

Enquanto nosso amável Presidente se aventura mundo afora em sua incansável missão de defender ditadores e assassinos, nosso país se acaba em violência, corrupção e pobreza. Enquanto enviamos milhões de dólares ao Haiti para ajudar pessoas que nada tem a nos acrescentar, nossas cadeias se assemelham a campos de concentração, verdadeiros currais, locais inadequados à sobrevivência de qualquer animal, mas que abrigam milhares de condenados que ali cumprem uma pena a mais do que a imposta por seu crime.

Como queremos que um preso que tenha cumprido sua pena naquelas condições seja reintegrado à sociedade se o tratamos da pior maneira possível, sem dar-lhe condições mínimas de humanidade? Como queremos ser uma sociedade livre da violência se criamos monstros cheios de revolta por terem sido tratados como lixo, passando anos em celas superlotadas, imundas, e muitas vezes em contêineres?

Muitos dizem que presos tem o que merecem e que não devemos ter pena deles. Mas será mesmo que essa é a melhor forma de punir alguém? É com celas sem banheiro, com esgoto a céu aberto e em meio aos ratos que se pune um ser humano? Se for dessa maneira que queremos que nossos presos sejam punidos como podemos reclamar da violência gerada por eles? Como podemos culpar um homem que passou por toda essa desgraça querer nos matar em um assalto? Nós criamos essa violência, nós somos os culpados. E apenas nós, brasileiros, podemos mudar isso. Temos a chance, e ela está chegando. Eleições servem para decidirmos que tipo de Brasil queremos. É o momento para decidirmos qual futuro queremos. E é nesse momento que decidimos se queremos uma sociedade humana e livre da violência, ou se continuamos nesse ciclo vicioso de desgraça.

E você, em qual Brasil quer viver?

10 junho, 2010

McUniversal

Saúde debilitada. Falta de dinheiro. Relacionamentos desastrosos. Temos tantos problemas e tão pouco tempo para resolvê-los que acabamos deixando em segundo plano as coisas mais importantes de nossas vidas. Mas seus problemas acabaram! Chegou o revolucionário Drive Thru de Oração.

Para que se preocupar com falta de tempo, trânsito e multidão? Com o novíssimo Drive Thru de Oração você recebe a benção divina no conforto do seu carro. Dê adeus ao inconveniente de louvar ao senhor todo poderoso em templos quentes e cheios.

Está indo para casa e deu aquela dorzinha de cabeça? É encosto! Passe agora mesmo no Drive Thru de Oração e faça um "quick descarrego". É prático, é rápido, é santo! É a Igreja Universal pensando no meu bem estar.

Agora falando sério, quanto tempo vocês acreditam que levará para vermos tabelas de preços de orações e comerciais na TV no estilo Casas Bahia anunciando campanhas religiosas e sessões de descarrego?

Deus, me vê um número 1 com Coca Zero?!

07 junho, 2010

Palanque ou carnaval?


14 edições depois, o que a Parada Gay trouxe de concreto à sociedade? Ela continua um evento com visibilidade política ou atualmente não passa de uma micareta?

Essas e outras perguntas serão respondidas no "MTV Debate" dessa semana. Se você acha a Parada Gay o evento mais desnecessário e odioso da atualidade, assista para descobrir que ainda há pessoas que acreditam no tom político e libertário do evento. Mas se você insiste em dizer que a Parada é a "demonstração da alegria dos homossexuais", essa é a chance de ver discussões um pouco mais sérias do que aquelas vistas em casas noturnas.

O programa vai ao ar às 10h30 da noite da terça-feira. Não perca!

01 junho, 2010

Pela memória e pela verdade


"Nós, abaixo assinados, apoiamos a Campanha pela Memória e pela Verdade, desenvolvida pela OAB/RJ, em defesa da abertura dos arquivos da repressão política no período da ditadura militar.

Nós, abaixo assinados, consideramos que é direito das famílias dos desaparecidos conhecerem o destino de seus entes queridos.

Nós, abaixo assinados, estamos convictos de que o conhecimento pleno do que ocorreu nos porões da ditadura durante os chamados anos de chumbo é importante para se evitar a repetição da barbárie. Um país que não conhece sua História está fadado a repetir os erros.

Por fim, esperamos que as autoridades do Executivo e do Legislativo, a quem se destina este documento, determinem as providências necessárias para que seja dada publicidade aos arquivos, criando assim as condições para uma verdadeira reconciliação nacional".

Inclua seu nome aqui.

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