O trem-balada acabará com essa cena? |
Nessa semana o Ministério Público Federal de Brasília questionou a licitação do famigerado trem-bala tupiniquim, pedindo sua imediata suspensão. Não, o questionamento não foi se é realmente necessário gastar tantos bilhões (mais de R$ 60 bilhões, para ser mais exato) em um único meio de transporte em um país cuja infraestrutura dos grandes centros urbanos (em especial São Paulo e Rio de Janeiro) beira o colapso por pura e completa incompetência governamental. Para quem esperava um questionamento moral e ético ficará decepcionado, pois o MPF/DF foi puramente técnico, referindo-se somente a algumas inconsistências na licitação.
Você que passa 2 horas no transporte público ou parado no congestionamento, saiba que o trem-bala é tratado como prioridade pela administração petista, que até o momento não demonstrou sinais de desistência desse que promete ser um dos maiores e mais caros elefantes brancos já vistos em solo brasileiro. E há duas razões para toda essa persistência. A primeira delas é a propaganda. A entrega de uma obra faraônica sempre foi o desejo dos nossos políticos. A massa gosta, a massa aplaude, a massa delira, e depois, a massa vota. A segunda razão é a financeira. Afinal, as empreiteiras precisam sacar os lucros dos investimentos na campanha eleitoral. E nada melhor do que uma gigantesca e bilionária obra faraônica.
R$ 60 bilhões em linhas de metrô diminuiria os congestionamentos |
Eles precisam de trem-bala? |
Atualmente o Brasil conta com pouco mais de 29 mil quilômetros de trilhos, enquanto a malha americana ultrapassa os 220 mil quilômetros. É ingenuidade pensar que construindo uma única linha moderna e cara compensará décadas de verdadeiro abandono da malha ferroviária e todos os problemas do país em infraestrutura serão resolvidos. No transporte das regiões metropolitanas o cenário é ainda pior. Em São Paulo o sistema metroviário conta com míseros 69 quilômetros de trilhos e 60 estações (Nova York possui 468 estações distribuídas em mais de mil quilômetros de trilhos).
Dizem que Dilma Rousseff é mais centrada nas questões administrativas e menos performática do que seu antecessor. Esperamos então que ela dedique um pouco mais de tempo para analisar o projeto do trem-bala e mostre seu lado sensato reconhecendo o quanto essa obra é desnecessária para o nosso país e tenha a decência de dar um destino mais apropriado para os bilhões dos nossos impostos.
3 comentários:
Gostei do seu blog cara. Gostei do seu questionamento. Voltarei mais vezes aqui. Abraços
Não sei se você chegou a ver o preço estimado de uma passagem São Paulo-Rio pelo trem bala, mas é uma coisa que está fora dos padrões da realidade, enquanto nós podemos pagar, às vezes, cinquenta reais para ir daqui até lá num transporte igualmente rápido, o avião.
Essa semana comprei uma passagem e peguei VINTE POR CENTO do valor dela em taxa de embarque. Levando em conta que cada um que vai e volta de avião de qualquer lugar para qualquer lugar em voo doméstico pague R$40, quanto o governo, junto à infraero, não arrecada com isso?
E as melhorias que vemos são ínfimas, com greves de controladores aéreos, falta de estrutura em aeroportos e acidentes recorrentes por falta de manutenção das pistas. O aeroporto de Vitória, no Espírito Santo, é uma vergonha, assim como o de Porto Seguro ou o de Navegantes, que recebe uma grande parte de turistas para visitar as praias de Santa Catarina.
Essa semana a Gol ultrapassou a TAM em volume de passageiros. O que não deixa de ser bom, porque eu vi uma explosão de promoções. Porém, em breve, essas operadoras não vão mais suportar a quantidade de passageiros. E as menores, como Azul, Trip, Webjet, Avianca não terão ESPAÇO FÍSICO para receber novos turistas, sejam eles pendulares ou não. Vide que a Azul opera apenas com UM TRECHO pelo aeroporto de Congonhas e os passageiros têm que viajar à Campinas, ou seja, uma viagem dentro da outra.
E ainda assim, pensam em gastar bilhões em um trem que não tem nem data para ficar pronto, só para se mostrar para os hermanos.
Dilma decida ou não dedicar tempo e sensatez para re-analizar esse elefante branco, como vc bem definiu, é um projeto que certamente não saíra do papel por anos. É um chamariz de atenção, um desvio, para não olharmos para o lugar que deveríamos. É como um truque de mágica. O mágico atrai o olhar do público para a assistente gostosa, tirando a atenção do truque... só isso.
abçs
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