27 agosto, 2009

Alienação geral



A edição de setembro da revista Superinteressante veio com uma reportagem de capa revelando algumas verdades recém descobertas sobre a 2ª Guerra Mundial. Ao ler a revista na sala de aula da universidade uma menina, no auge dos 18 anos (média de idade dos alunos da universidade Anhembi Morumbi) diz a seguinte frase: "Hitler era muito foda! Tudo o que ele fez estava certo". A questionei para tentar entender de onde poderia vir tal pensamento. Fiquei mais aterrorizado ainda ao ouvir de sua própria boca que ela era uma branca pura. Tentei lembra-la de que no Brasil a ideia de uma “raça pura” não existe desde a chegada dos europeus por essas bandas. Mas não adiantou. Para ela apenas o fato de ter a pele branca a faz uma ariana legítima, e consequentemente, superior.

Não nego que vejo em Hitler um personagem importante em nossa história. Daí considerá-lo um símbolo único e idealizador de um dos planos mais "inteligentes" do mundo não me soa estranho, mas estúpido. Mostra o nível de alienação a que uma pessoa se deixa tomar. E é triste saber que uma pessoa tão nova, com muito que aprender e mostrar ao mundo já destila estupidez jurando ser essa uma opinião sensata e única.

Mas o que esperar de uma pessoa que do alto de sua estupidez diz ser contra transporte público por ser utilizado apenas por pobres, que judeus só ajudam judeus e por isso mereceram morrer no holocausto, e que ao fazer trabalhos da faculdade recorre ao papai que, como não poderia deixar de ser, salva a filhinha mimada em todos os momentos?

Não sei por que, mas isso me lembrou a academia da universidade...

26 agosto, 2009

A cidade para os carros



Andando pelas ruas da cidade pude perceber o quanto nós, pedestres, somos ignorados. O pedestre é sempre colocado em segundo plano, como se fossemos pragas urbanas não merecedoras de um espaço só nosso. Temos nossos direitos desrespeitados por motoristas e governantes.

Exemplos para isso não faltam. Semáforos favorecendo o deslocamento mais rápido dos carros, ao invés das pessoas que estão a pé, calçadas esburacadas e tomadas por carros, como se fôssemos invisíveis. Os políticos sempre dizem que farão obras viárias para tornar a vida do motorista mais cômoda, e nunca se comprometem em fazer melhorias direcionadas aos pedestres. O Prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, mostrou ser mais um político deste tipo. A restrição aos ônibus fretados é apenas uma parte das políticas antitransporte público promovida pela Prefeitura de São Paulo. Soma-se a isso mais dinheiro injetado nas viações em forma de subsídios e nenhuma melhoria nos corredores de ônibus, tomados por carros e táxis. Empresas interessadas apenas no lucro diminuem suas frotas, aumentando a lotação, e políticos interessados apenas no dinheiro para suas campanhas enchem de regalias empresas que não oferecem o mínimo de serviço aceitável.

E essa onda supostamente a favor da fluidez no trânsito não fica restrita à Prefeitura da capital. O Governo do Estado também faz sua parte em estimular o transporte individual. Ao promover as obras da nova Marginal Tietê, que custará mais de R$ 1 bilhão e ficará pronta em 2010 (ano de eleições), a ideia principal passada à população é de que podemos pegar nossos carros e entupir as avenidas, afinal, tudo ficará mais rápido e confortável. Aliás, quem diria, é exatamente isso que o Governo do Estado diz em suas propagandas de divulgação da obra bilionária.

Somando todas as obras promovidas pela Prefeitura e pelo Governo do Estado chegamos num total de R$ 4 bilhões, o suficiente para construir 20 km de linhas de metrô. Ou seja, o dinheiro que poderia ser usado na modernização dos corredores de ônibus, na compra de ônibus mais modernos e confortáveis ou na ampliação da malha metroviária, que já está mais do que saturada, será jogado no lixo com a construção de mais vias que não demorarão a ter congestionamentos monstruosos nos horários de pico. Tudo pelos votos de 2010.

Ao estimular cada vez mais a população a utilizar carros, nossos governantes mostram o quanto se satisfazem ao trabalhar contra a população. Em 2010 devemos todos nos lembrar disso.

24 agosto, 2009

Falando bonito


O ser humano, por sua natureza, sempre busca a superação sob seu adversário. Seja em ambientes de trabalho, relacionamentos ou qualquer outro momento que tenha possíveis "inimigos".

Não precisa procurar muito para encontrar bons exemplos desse tipo de comportamento. Um homem agarrando sua namorada/esposa (ou como preferente dizer, "sua mulher") no meio da rua é para demonstrar posse na esperança de que os demais homens saibam que ali não podem se meter, "aquela mulher tem dono".

Na política a fala "culta" soa como tentativa de elitizar a imagem pessoal, se distanciando dos pobres e criando uma bolha em volta de si que supostamente passaria a imagem de ser uma pessoa superior. Se valendo da mesma tática, em ambientes de trabalho a demonstração de “poder” também fica por conta do uso de palavras rebuscadas e difíceis, com o intuito de despertar “admiração” pela suposta superioridade dos que ocupam cargos mais altos.

Acredito que as pessoas agem dessa forma para suprir algo que lhe falta. Políticos fazem isso para mostrar ao povo que neles podem confiar, pois são “letrados, cultos e entendem do mundo”. Um homem que segura a namorada como se fosse um pedaço de carne o faz para que os demais não tenham o interesse despertado. E no trabalho? Bom, no trabalho a resposta é mais simples. As pessoas (normalmente de cargos superiores) agem de tal forma para desviar a atenção de sua completa falta de competência.

Ao fazer uma pergunta qualquer ao seu chefe você verá que ele fará rodeios, dirá palavras bonitas e no fim das contas você continuará sem uma resposta satisfatória. E você nunca poderá dizer que ele é burro feito uma porta, afinal, ele respondeu de uma forma culta, supostamente inteligente e que, até então, não deixaria dúvidas.

É, falar bonito, às vezes, garante seu emprego.

22 agosto, 2009

Só mimos salvam


A Folha de São Paulo da última quarta-feira (19) mostrou uma reportagem sobre os "mimos" que muitas universidades particulares oferecem na intenção de atrair um maior número de alunos. De celulares e iPods até academias, tudo é oferecido, menos um ensino de qualidade.

A universidade em que estudo, a Anhembi Morumbi, foi citada na reportagem por oferecer gratuitamente aos seus alunos duas academias equipadas com o que há de melhor no mercado. E levando-se em conta que na avaliação federal a universidade obteve nota 3 (o Índice Geral de Cursos vai de 1 a 5) creio que uma academia não seja a melhor solução para seus alunos.

Mas também levando-se em conta o nível de interesse pelos estudos e o nível cultural dos alunos não é preciso pensar muito em quais motivos levaram a universidade a optar por oferecer academias de graça. Quando seus alunos são criaturas fúteis, verdadeiras cópias dos personagens de "Malhação", o jeito é pelo menos salvar o corpo.

"Americanizando" o trânsito


A cidade de Americana, no interior do Estado de São Paulo, foi fundada em 1875 por imigrantes norte-americanos (daí seu nome). E ávido por reviver essa história, o secretário dos transportes da cidade, Flávio Biondo, teve a brilhante ideia de “voltar às origens” usando expressões em inglês nas sinalizações de trânsito [nos cruzamentos foi pintada a frase “stop four”] e as cores da bandeira americana nas faixas de pedestres.

Indagado por um repórter do jornal Folha de São Paulo sobre os motivos que o levaram a iniciar a medida de “americanização” da cidade, o secretário tentou escapar do enrosco dando uma explicação ainda mais estúpida do que sua medida. Disse ele que nem a faixa de pedestre colorida é uma referência à bandeira americana e nem o "stop four" é sinalização de trânsito."É a faixa de vida, que tem fundo vermelho para alertar que ali há um índice alto de atropelamentos. E pintamos o girador com o nome de um programa de educação de trânsito da prefeitura [o tal "stop four"] porque os jovens que estão nas estatísticas [de acidentes] têm uma linguagem global da web, do Twitter, do Big Brother. Então colocamos o nome em inglês."

Apenas eu achei essa explicação totalmente sem sentido? Ou esse homem sabe enrolar muito bem ou ele não faz a menor ideia do que sai de sua própria boca. Isso é digno de elogios. O mestre do "embromation".

20 agosto, 2009

Um cartão de más notícias



Você vai ao médico e tem diagnosticado uma DST (doença sexualmente transmissível). Após o susto da notícia você precisa informar seu(s) parceiro(s) do fato. Mas como fazer isso? Ah ha! Envie um cartão virtual. Simples e rápido. O serviço foi lançado nessa semana pelo Ministério da Saúde.

Até entendo que muitos possam ter uma certa dificuldade em tocar no assunto com seus parceiros, mas chegar a ponto de enviar um cartão pela Internet para dar a notícia ao pobre coitado já é demais. Como se não bastasse as pessoas se isolarem do contato humano por causa de sites como Orkut, Facebook e, mais recentemente, o Twitter, um assunto tão sério como as DSTs ser tratado de uma forma tão fria me soa estranho demais. Ou o mundo está cada vez mais insensível ou eu que estou ficando antiquado.

Mas de qualquer forma, o
site já está no ar. Se você tiver uma DST e quiser dar um alô para a rapaziada ficar alerta, é só acessar e mandar bala nos cartões virtuais.

E nunca é demais lembrar: hoje já são mais de 10 milhões de brasileiros que possuem alguma DST. Se informar e tomar cuidados básicos evitam muita dor de cabeça no futuro. E você poderá enviar cartões virtuais bem mais agradáveis.

18 agosto, 2009

Santíssimo crime



Assistindo a guerra travada entre a TV Record e a TV Globo após o anúncio da milésima investigação contra a Igreja Universal (dona da TV Record) uma pergunta fica ecoando em minha cabeça: a troco de que?

A TV Record tem muito que perder com mais essa investigação. Sua imagem fica ainda mais abalada devido sua crescente dependência da Igreja Universal. E a imagem da igreja afunda em mais um escândalo envolvendo a manipulação da fé do povo em benefício de seus donos. A TV Globo, por sua vez, nada tem a perder, e muito menos a ganhar. Fazendo seu papel de imprensa, noticiando fatos graves e que devem sim ser levados a público, a TV Globo mostra isenção e imparcialidade ao divulgar mais um caso da Igreja Universal. E quem acha que as acusações não tem nenhum embasamento na realidade, basta visitar uma das unidades da igreja espalhadas mundo afora. Você verá coisas inimagináveis, muito piores do que o "diploma de dizimista" assinado por ninguém menos do que o próprio Jesus Cristo.

No desespero para tentar desviar a atenção de seus fiéis-clientes, a Igreja Universal, por meio da força de comunicação que a TV Record possui, deturpa histórias, inventa outras e joga na guerra pessoas e órgãos que nada tem a ver com os fatos. O caso mais novo é a “denúncia” de esquemas obscuros envolvendo a Secretaria de Economia e Planejamento (órgão em que trabalho) e a TV Globo.

A TV Record diz tanto que o medo de perder a audiência faz com que a TV Globo perca a linha e saia atacando indiscriminadamente a TV Record, a "emissora de deus". Mas se olhassem para o próprio umbigo perceberiam que os ataques cometidos por ela à TV Globo e órgãos públicos não passam de meras manobras para que não descubram ainda mais seus podres divinos e manter no cabresto seus fiéis-clientes.

Não que os supostos "crimes" da TV Globo sejam leves, mas roubar e iludir humildes desesperados por um pouco de esperança nessa vida é dos piores crimes que alguém poderia cometer.

14 agosto, 2009

Ambiente sujo

Sabemos quando o ambiente de um local de trabalho não é dos melhores quando você sente enjoo assim que coloca os pés no prédio. Mas o que leva o local de trabalho ser um completo inferno?

Em se tratando de um órgão público os motivos são vastos. Dos serviços burocráticos sem motivos até o inesgotável favorecimento a parentes e amigos, em detrimento aos concursados, legítimos detentores dos direitos oferecidos pelo Estado.

No Estado o mal maior se chama "comissionado". Funcionários com o rabo preso que ocupam cargos que poderiam ser de pessoas que passaram em concursos públicos por mérito próprio. E como se não bastasse, recebem salários exorbitantes se comparados aos que nós, concursados otários, recebemos. E isso para desempenharmos exatamente o mesmo serviço.

Lembro a todos que isso não significa que todos os funcionários com cargo em comissão trabalham apenas para sugar as tetas inesgotáveis do Estado. Muitos deles desempenham suas funções adequadamente, dando um brilho necessário aos órgãos públicos. Mas infelizmente é uma minoria.

O que acho mais engraçado é que ainda me perguntam "porque estou tão desmotivado". Não sei exatamente... Será que é porque recebo 4 vezes menos do que os de rabo preso? Será que é porque recebo míseros R$ 4,00 por dia para almoçar, quando o meu gasto é de pelo menos R$ 15,00? Mas também acho que o grande motivo, acima de tudo, é eu desempenhar um serviço de enorme importância para a população Paulista e receber pouco mais de R$ 600,00 por isso. Sem incentivos ou gratificações. E, claro, sem o menor preparo para tal função.

Somado ao desgosto profissional causado pelos motivos financeiros, há os motivos interpessoais. Pessoas que de inteligência podem ser comparadas às portas do banheiro, viram "chefes" pelo simples motivo de conhecerem as pessoas certas. A meritocracia é jogada no lixo para dar lugar ao coleguismo inconsequente. Quando um cargo é "criado" para dar lugar ao coleguinha chorão desempregado os que mais sofrem (se assim posso dizer) são os demais funcionários, que são obrigados a aguentar desaforos, engolir erros alheios e sorrir em momentos em que a única vontade é surrar a pessoa até a morte.

07 agosto, 2009

São Paulo contra o cigarro

Agora é lei. Fumar em locais públicos fechados é proibido em todo o território paulista.

A lei antifumo está em vigor desde a 0h de hoje. Com muitos a favor e muitos contra, a lei já era polêmica antes mesmo de sua aprovação. Os que são contra (em sua maioria fumantes) se diziam vítimas de cerceamento à sua liberdade. Liberdade estranha essa. É de conhecimento público os males causado pelo cigarro aos não fumantes. Males estes muitas vezes maiores do que os acometidos aos que fumam. Quem não fuma é obrigado a respirar o ar poluído pela fumaça do cigarro, que chega a 100 ppm (partes por milhão) de partículas de alcatrão. É um índice alto, pois a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece 30 ppm como risco de intoxicação perigosa. O fumante passivo absorve 50 vezes mais substâncias cancerígenas e 3 vezes mais nicotina e monóxido de carbono, pois a fumaça da brasa concentra maior proporção dessas partículas do que a fumaça inalada pelo fumante. Essas substâncias só são eliminadas do organismo depois de três dias.

Então, você fumante, antes de dizer que essa lei é um absurdo, uma afronta à liberdade dos cidadãos fumantes, saiba que ela não é uma lei contra vocês, e sim contra os males causados aos que não obrigados a sofrer com seu vício. Vocês sim que nos tiram a liberdade de viver com saúde.

Lembrando que todos nós devemos colaborar com o cumprimento da nova lei. Ao presenciar uma irregularidade, ligue para 0800 771 3541, o canal aberto para receber as denúncias. E para maiores informações, acesse o portal dedicado à divulgação da lei.

04 agosto, 2009

Bizarrices osasquenses


Para quem conhece os shoppins da cidade de Osasco sabe o quanto são esdrúxulos seus nomes. Depois do comum Osasco Plaza e dos estranhos SuperShopping e Fantasy Shopping, os administradores de shopping inovaram ao inaugurar o Shopping União de Osasco.

Erguido pelo poderoso grupo imobiliário Savoy, um dos maiores do Estado de São Paulo, o novíssimo shopping osasquense nasceu bizarro. Além do nome que dispensa comentários maldosos, sua arquitetura “moderna” esbanja mal gosto. Olhe a fachada e pergunte-se: "que porra é essa?!".

Muita coisa poderia ser explicada. Poderiam dizer que era para simbolizar a “união do povo osasquense”, ou para mostrar ao mundo que seu povo é unido em todos os momentos, inclusive nas compras. Mas nada diminui o fato de que foi criada uma das piores imagens vistas por minha humilde pessoa.

No começo eu imaginava que a escolha de nomes estranhos para empreendimentos tão importantes seria o reflexo de uma cidade com retardamento mental, como é o caso de Osasco. Mas olhando o site da Savoy percebi que tinha algo mais. Um dos vários shoppings sob sua administração chama-se, curiosamente, “Novo Shopping Ribeirão Preto”.

Então é isso, justa-se o retardamento de uma cidade com a criatividade torta de uma empresa que nasce um empreendimento do nível do novíssimo "Shopping União de Osasco".

Soltando o redondo

Posso ter o pior emprego do mundo, mas algumas coisas realmente compensam este inferno público. Uma delas é saber que o Prefeito da cidade de Guatapará, interior de São Paulo, tem um nome incrivelmente peculiar: Samir Redondo Souto.

Tenho pena de imaginar como deve ter sido a infância dessa criatura...

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