21 junho, 2010

Trabalho sem sentido

Tenho pensado um pouco mais no sentido que a vida leva considerando o trabalho que a maioria de nós mortais tem. Trabalhar de segunda a sexta, no horário comercial, desempenhando diariamente as mesmas funções, vendo as mesmas pessoas e fazendo sempre o mesmo caminho de casa-trabalho, trabalho-casa. Para que serve tudo isso? Qual o sentido dessa rotina em nossas vidas? Será mesmo que devemos perder tanto tempo com coisas que só nos trazem estresse, doenças e gastos? Qual o propósito que conseguimos encontrar levando essa vida tão limitada?

Cansado do trânsito interminável e dos ônibus desconfortáveis decidi vir para o trabalho de trem e metrô. Nessa minha nova rotina pude reparar melhor nas pessoas a caminho de seus empregos entediantes e uma coisa me chamou atenção: somos gado, somos animais adestrados. Não passamos de uma massa vazia e robótica, vivendo nossas vidas como meros coadjuvantes, inertes, calados e repetitivos. Aprisionados nessa rotina entediante, enfadonha, ridícula.

Quando digo às pessoas que nossas vidas poderiam ser mais dinâmicas e úteis, com horários de trabalho flexíveis, sem cobranças, sem chefes, sem tédio, me chamam de louco, de idiota. Dizem que penso assim por ser jovem e imaturo, que o sistema é assim, e assim sempre será. Mas será que pensar que podemos mudar o mundo e tornar nossa existência um pouco mais significante é burrice, utópico, ingenuidade?

Sinto por aqueles que pensam que nossas vidas se resumem a relatórios mensais, metas a serem cumpridas a todo custo, cumprimento rígido a horários e rotinas burocráticas, que ao invés de produzir resultado apenas nos dá sono, acumula papel e não leva a lugar algum. Pensar que ter um estilo de vida engravatado é sinal de sucesso é pensar que nossa capacidade deve ser limitada a um gasto de energia desnecessário. Quando poderíamos colaborar, criar e fazer muito mais, estamos entre quatro paredes em nossas mesas entulhadas de papel cheios de inutilidades, nossos computadores mostrando em suas telas planilhas coloridas inúteis e com os chefes presos em nossos ombros feitos papagaio de pirata sempre cobrando "aquele relatório", ou "aquele processo".

Acredito que todos nós podemos mais, que podemos oferecer o melhor dos nossos conhecimentos. Apenas precisamos de liberdade, de autonomia, de oportunidade para sermos criativos. Assim, teremos uma vida mais feliz, mais produtiva, mais útil. Mais vida.

5 comentários:

K. disse...

curioso... estou lendo um livro em que philip roth entrevista alguns escritores e em dois casos eles são escritores famosos, mas que trabalham nesse cotidiano sem o menor problema.

existe uma carga grande de "gado", mas a visão do trabalho pode ser diferente, pode ser melhor...

mas é a questão filosófica de sempre... trabalhar, só fazemos para poder sobreviver.

BinhoSampa disse...

concordo com vc e as pessoas não se dão conta que estão indo para o precipício... e infelizmente o ser humano acostuma e gosta da rotina do dia-a-dia porque se vc alterar a rotina deles, perderão o controle e isso gera pânico.

Não deve desistír de pensar dessa forma, tem que valorizar realmente a vida e aproveita ela a cada momento e se propõe a fazer coisas diferentes a cada dia e verá que será mais feliz e que estará aproveitando mais a vida.

Obrigado pela visita e está linkado.

Abs :-)

nada complicada disse...

É a primeira vez que passo por aqui... adorei o Post, é engraçado porque eu estava pensando exatamente nisso ontem, somos como gado, pior é que a vida é tão curtinha né?! sei lá, tem coisa que não é bom nem pensar muito porque acabam nos deixando meio malucos rsrsrs...

Gostei muito do blog...

ótimo final de semana

Karina Mendes disse...

É assim que a maioria pensa. Eu tenho sorte de não ter que cumprir esse horário comercial como você, o meu negócio é só ter o trabalho pronto e tudo bem, mas isso é raro...
E, mesmo assim, tem um monte de coisa que não me agrada e tem o lance de eu não gostar do que eu faço. Tirando tudo isso, não dê ouvidos para esses que falam que você é imaturo. Esse é um dos nomes que dão pra quem é diferente, pensando assim eles continuam se achando por cima. E, ainda bem, que você não é como essa gente.

ps. seu post me lembrou aquelas crianças do clip da música The Wall indo para o moedor de carne...

beijos e bom final de semana!

Unknown disse...

não acredito que seja questão de sistema. a maioria esmagadora das pessoas "gosta" dessa rotina, dessa segurança que o "horário comercial" trás. Humanos não foram feitos para viverem de incertezas... nada trás mais pânico que a incerteza no dia-a-dia.

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