Todo esse circo em torno da vinda ao Brasil do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, me fez lembrar uma das séries de maior prestígio da TV americana, "Commander in Chief", exibida pela rede de TV aberta ABC entre 2005 e 2006.
Criada por Rod Lurie e estrelada por Geena Davis, "Commander in Chief" nos leva para conhecer a vida de Mackenzie Allen, uma promissora congressista independente do Estado de Connecticut e reitora da University of Richmond que fora escolhida pelo candidato do Partido Republicano Theodore Roosevelt a assumir o cargo de Vice-Presidente. Com a morte de Theodore provocada por um aneurisma Mackenzie ascende à presidência, tornando-se a primeira mulher a comandar a nação mais poderosa do planeta.
Os desafios de Mackenzie mostram-se maiores do que o imaginado quando ela se vê em meio a guerra pelo poder entre Republicanos e Democratas, e tendo que lidar com a descrença na sua capacidade de liderança por ser mulher e não ter partido. É o momento em que ela precisa impor seus ideais liberais de ex-congressista independente e mostrar que sua visão feminina e humana é o bastante para lidar com as questões do poder como "líder do mundo livre".
Não bastando os problemas da presidência, Mackenzie ainda precisa conciliar a vida pública com a particular. Como ser mãe e esposa ao mesmo tempo em que resolve um caso de terrorismo ou uma crise diplomática? Como lidar com o marido que não aceita o fato da esposa ser mais bem-sucedida do que ele? O que fazer com filhos problemáticos que perderam a presença materna?
Com ótimo roteiro e atuações primorosas, "Commander in Chief" teve tudo para ser um grande sucesso. As 14 indicações mais o Globo de Ouro de melhor performance recebido por Geena Davis mostram isso. Mas as premiações e elogios da crítica e do público não foram o suficiente para acabar com os desentendimentos entre a equipe e a emissora, levando ao cancelamento da série logo em sua primeira temporada.
Para sanar algumas questões não explicadas ao longo dos 18 episódios e dar uma nova visão à história, a ABC anunciou em 2006 que a série viraria filme, porém, os desentendimentos do criador, Rod Lurie, com a emissora também enterraram mais esse outro projeto.
Aos fãs de "Commander in Chief" resta apenas apreciar essa ótima produção com o box especial que inclui, além dos 18 episódios completos, extras bem esclarecedores sobre a produção e os motivos que levaram ao cancelamento da série. Àqueles que gostam de histórias sobre política e poder, fica aí uma ótima dica.