14 junho, 2010

Campo de concentração tupiniquim

Na reportagem sobre as condições deploráveis dos presídios do Estado do Espírito Santo exibida ontem (13) no programa "Domingo Espetacular" (TV Record) ficou mais do que claro o quanto somos um país atrasado, pobre e desumano.

Enquanto nosso amável Presidente se aventura mundo afora em sua incansável missão de defender ditadores e assassinos, nosso país se acaba em violência, corrupção e pobreza. Enquanto enviamos milhões de dólares ao Haiti para ajudar pessoas que nada tem a nos acrescentar, nossas cadeias se assemelham a campos de concentração, verdadeiros currais, locais inadequados à sobrevivência de qualquer animal, mas que abrigam milhares de condenados que ali cumprem uma pena a mais do que a imposta por seu crime.

Como queremos que um preso que tenha cumprido sua pena naquelas condições seja reintegrado à sociedade se o tratamos da pior maneira possível, sem dar-lhe condições mínimas de humanidade? Como queremos ser uma sociedade livre da violência se criamos monstros cheios de revolta por terem sido tratados como lixo, passando anos em celas superlotadas, imundas, e muitas vezes em contêineres?

Muitos dizem que presos tem o que merecem e que não devemos ter pena deles. Mas será mesmo que essa é a melhor forma de punir alguém? É com celas sem banheiro, com esgoto a céu aberto e em meio aos ratos que se pune um ser humano? Se for dessa maneira que queremos que nossos presos sejam punidos como podemos reclamar da violência gerada por eles? Como podemos culpar um homem que passou por toda essa desgraça querer nos matar em um assalto? Nós criamos essa violência, nós somos os culpados. E apenas nós, brasileiros, podemos mudar isso. Temos a chance, e ela está chegando. Eleições servem para decidirmos que tipo de Brasil queremos. É o momento para decidirmos qual futuro queremos. E é nesse momento que decidimos se queremos uma sociedade humana e livre da violência, ou se continuamos nesse ciclo vicioso de desgraça.

E você, em qual Brasil quer viver?

2 comentários:

rickgaldino disse...

A ideia de que "bandido bom é bandido morto" ainda faz parte da mente das pessoas e é ampliada pelos programas policiais de final de tarde. O mundo cão que é mostrado na TV reforça a indiginação das pessoas com o banditismo. O sensacionalismo praticado toca nos telespectadores seus instintos mais primitivos.

Podemos perceber que essa veemencia não é praticada quando se trata de crimes de colarinho branco, assim as pessoas tendem a se revoltarem com os crimes "bárbaros" e deixar que a corrupção aconteça.

Essa dormência social se reflete nas opiniões sobre as condições das cadeias públicas. Faz-se vista grossa sobre o que realmente acontece, esquece-se que somos TODOS seres humanos e passíveis de erros, assim sempre dignos de perdão e condições minimas de higiene. É corriqueiro o Datena gritar "Pra quê direitos humanos para bandidos?". A pergunta é: afinal, não somos todos seres humanos? Se o filho dele que foi usuário de drogas e fosse considerado traficante, ele gostaria que seu "junior" fosse para uma cadeia assim, valendo-se do bordão de que ele não precisaria de direitos humanos?

Quando pensamos assim, como o Datena, é preciso nos colocarmos no lugar das pessoas. Se eu tivesse errado, gostaria de ter um tratamento assim? Talvez falte empatia nas pessoas e principalmente em nossos governantes.

K. disse...

o brasi, é TÃO atrasado em políticas que a própria palavra já revela: políticas punitivas.

deprimente.

e eu não suporto a turma do "trata mal, mata, deixa apodrecer".

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