12 março, 2009

Bolsa burocrática


O ProUni (Programa Universidade para Todos), do Governo Federal, foi criado com o intuito de facilitar o acesso dos menos afortunados ao ensino superior. Seria uma ótima oportunidade se não fosse o grande mal que assola as ações do governo: a burocracia.

Eu, o mais novo bolsista do programa, senti na pele o peso dos encontros e desencontros burocráticos promovidos pelo Ministério da Educação (MEC). Listado entre os 5 selecionados na segunda chamada, minha saga começou com um gasto de R$ 2,50 em cópias de documentos para a comprovação da minha renda familiar e mais R$ 10,00 em passagens. Mal chego na universidade e já sou informado que a relação de documentos fornecida pelo MEC no site do ProUni estava errada. A correta era muito maior. Então, volto para casa já imaginando mais uma sessão de cópias (e mais R$ 8,50) para me atormentar.

Na semana seguinte, volto à universidade (mais R$ 10,00 em passagens). Chego às 9h e saio às 16h30. E antes de efetivar minha matrícula a funcionária me passa outra relação de cópias de documentos, fotos e boletim do ENEM (nada disso fora mencionado antes). E então, saio em busca de uma lan house (mais R$ 2,00) e local para tirar fotos (mais R$ 6,00) pelo centro velho de São Paulo. Aí sim, FINALMENTE, assino o contrato e vou embora feliz da vida (e R$ 39,00 mais pobre).

Todo o processo é tão burocrático e trabalhoso que só faz estimular os candidatos a omitirem informações para não serem recusados. Quem não conhece alguém que omitiu empregos ou familiares, ou que até incluiu pessoas para ratear ainda mais a renda familiar?

Por alguns poucos reais quase sou impedido de tentar a bolsa de estudos. De acordo com o MEC, uma família com 3 pessoas e renda de R$ 1.700,00, por exemplo, poderia arcar com mensalidades de R$ 1 mil (caso do meu curso). Aparentemente não levam em conta questões como contas, comida e dívidas. Aparentemente o ministério acredita que se você quer realmente fazer faculdade essas coisas se tornam supérfluas.

Por tudo isso, não me espanta a enorme quantidade de bolsas ociosas (cerca de 46 mil só no ano passado), e que só irá aumentar, transformando o ProUni no Fome Zero da educação.

3 comentários:

Cruela Veneno da Silva disse...

esse ano eu concorro.

Thiago Almeida disse...

Passou cinco anos e nada mudou. Me formei como bolsista do ProUni também, cara! Lembro-me bem da "dor-de-cabeça", devido a burocrácia. Mas, isto é só o início. Pois, a cada semestre você assina uma espécie de contrato, para manter a bolsa. Este contrato demora para vir, você cobra a moça da secretária, que cobra sua supervisora, que cobra a coordenadora do curso, que cobra o coordenador, que passa a bola para o reitor...
Mas, não cuspo no prato que comi. Realmente, a bolsa é ótima. não tive custeios posteriores e, é um grande mito, que as notas devem estar acima da média da sala, para não perder a bolsa. Conheço pessoas que ficaram de DP e, mesmo assim, não perderam a bolsa. Só tiveram os custos da dependencia mesmo!

Enfim, lhe desejo SUCESSO e parabéns por essa conquista. Pois, poucos sabem, mas não é só a renda que faz esse ou aquele ser contemplado com a bolsa, o que soma (e muito) é a nota no Enem. Conheço diversas pessoas que, por não terem atingido uma média considerável na prova do ensino médio, não tiveram acesso a bolsa.

Desculpe pelo texto enorme, é que fazia tempo que você não postava... Já tava com saudades da sua morada! rs...

Abraços, meu caro!

rickgaldino disse...

Eu também me formei pelo ProUni... Toda essa chatice da documentação é só no início...

Foda era a minha faculdade que me mandou o boleto por 8 meses.. com direito a carta de "intimação" e tudo...

hausuhauhas

Parabéns!

Bem vindo ao clube!

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