27 julho, 2008

Quando chega a hora de soltar as correntes


Sempre tentei entender os motivos que levam as famílias brasileiras a não incentivarem os filhos a saírem de casa. E não só não incentivam como também nunca aceitam quando os filhos decidem seguir em frente com suas vidas. É só comentar que pensam em se mudar que os pais já tratam o assunto como sendo uma ofensa, uma ingratidão depois de anos de sustento.

Acho engraçados os argumentos que ouço das pessoas tentando me convencer a não sair de casa. Alguns dizem que eu vou me arrepender porque viver sem os pais é difícil, que eu logo voltarei para casa correndo. Outros dizem que viver com amigos é péssimo, que nunca vamos nos dar bem e que eu também vou voltar correndo para a casa dos pais. Aliás, o que mais ouço é a frase “você voltará correndo para a casa dos pais”. Parece que as pessoas insinuam que ninguém tem capacidade de sustento próprio, de bancar sua própria vida sem os olhares e cuidados dos pais. Talvez seja por essa maldita educação de que você só está pronto para sair de casa com o aval dos pais, o que normalmente só ocorre quando você casa.

Será só o casamento uma demonstração de maturidade? Não basta você já ter um emprego estável, dinheiro na conta e senso de responsabilidade suficiente para saber o que é certo e errado e como manter uma casa? E porque nunca levam em conta a educação dada aos filhos? Será que os próprios pais não acreditam que foram capazes de educar corretamente seus filhos para que sobrevivam sem problemas no mundo lá fora?

Na minha família há muitos exemplos do que as pessoas acham serem bons filhos. Filhos com mais de 30 anos e ainda vivendo na aba dos pais, que são obrigados a sustentar os netos. E mesmo assim estão todos alegres e sorridentes como se isso foi a maior maravilha do mundo. Será essa a demonstração de responsabilidade que tanto querem de nós? Me desculpe, mas eu estou muito além desse nível.

01 julho, 2008

Coisa rara



No último sábado eu estava em um ônibus de São Paulo quando um ser maldito começou a ouvir música alta no celular (desgraçado é aquele que fez isso virar moda!). Após alguns minutos de estorvo uma senhora pediu para que o "cidadão" desligasse o celular. Não obtendo resultado a senhora apelou para a cobradora do ônibus, que em resposta disse que não poderia fazer nada porque não queria arrumar briga de graça. E então eu pergunto: se é proibido o uso de aparelhos sonoros dentro de ônibus porque diabos a funcionária da empresa, a pessoa que deveria zelar pelo cumprimento das regras dentro do ônibus, se recusou em fazer com que o "cidadão" desligasse seu celular? Por que essa cultura maldita do "não me meto porque não é da minha vida"?

Quando regras simples como a de não usar aparelhos sonoros dentro de ônibus são burladas é um pulo para outras contravenções maiores. Ao não pedir para o passageiro desligar seu celular a cobradora passou um recado ao "cidadão" de que ele pode tudo e que regras não são para serem seguidas, que ele tem o suposto direito de fazer o que bem entender.

Brasileiro não sabe seguir regras. É um povo que se recusa a ler placas indicativas com instruções. Um outro grande exemplo é o aviso que tem em todas as escadas rolantes das estações do Metrô e CPTM. Elas são claras: "Mantenha-se à direita. Deixe a esquerda livre para circulação". E mesmo assim sempre sou obrigado a pedir que saiam da minha frente para eu passar. E nunca dão licença sem antes xingar. Aliás, devem me achar um alienígena por querer andar mais rápido na escada rolante (acho que esse povo nunca vai ser capaz de entender o porque da escada rolante estar numa estação).

O brasileiro precisa aprender que viver em sociedade implica muitas coisas, inclusive seguir regras. Elas não foram feitas para ficarem no papel. Temos que começar a seguí-las e exigir que todos entrem na linha. Só assim para ser possível uma mudança nas coisas. Inclusive viver livre daquelas merdas de celulares tocando funk dentro dos ônibus.
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